segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Ensino/LGDH considera “injustificável” decisão governamental de suspender por 30 dias as aulas no SAB

 Bissau 25 Jan 21 (ANG) – A Liga Guineense dos Direitos Humanos(LGDH) considerou de “manifestamente injustificável” a decisão do Governo de suspender as aulas no Setor Autónomo de Bissau(SAB) por 30 dias no quadro da implementação do Estado de Calamidade, solicitada pela Alta  Autoridade de Luta  contra a Covid-19.


A organização de defesa dos Direitos Humanos sustenta que o executivo não  indicou  o nexo causal entre o funcionamento das escolas e o aumento de casos da Covid-19.

Em comunicado à imprensa, a LGDH diz que  registou com profunda preocupação e perplexidade os últimos acontecimentos em relação aos direitos humanos no país ,mormente a suspensão das aulas em Bissau e o aumento de casos de agressões abusivas contra os cidadãos perante a incúria das autoridades judiciais.

“Em regra e por imperativo constitucional ,as decisões restritivas de direitos fundamentais devem ser absolutamente necessárias e proporcionais .Pois ,o Governo tinha a obrigação de provar que as medidas adoptadas constituíam única alternativa existente e que visa salvaguardar valores superiores aos sacrificados ,o que não é o caso “, refere o comunicado.

A Liga acusa no documento que são as próprias autoridades públicas que promovem eventos que implicam ajuntamentos públicos ,sem observância de medidas de prevenção ,nomeadamente ,celebrações de feriados nacionais ,presidenciais-abertas ,reuniões partidárias e visitas de chefes de Estados estrangeiros.

A Liga sustenta que  o sector do ensino guineense tem sido área residual de sucessivos governos e sistematicamente fustigado por paralisações,  e indica que nos  últimos três anos registaram-se perdas superiores a 90 dias de aulas por ano ,equivalentes à metade do período lectivo .

No sector de segurança e da justiça a situação continua cada vez mais alarmante, agravada pela transformação das forças de segurança e de algumas entidades judiciais, mormente o Ministério Público, em instrumentos de batalha política e de repressão de vozes criticas ao atual regime instalado e a violação de propriedade do cidadão e líder de um partido político na oposição, Idriça Djaló, foi a evidencia do novo rumo para qual se está a direcionar a estrutura responsável  pela segurança dos cidadãos.”, lê-se no documento.

Na missiva, a LGDH frisa que igualmente ,tem-se assistido a instrumentalização da Polícia Judiciaria para fins políticos pondo em risco não só a sua reputação e credibilidade ,mas também a sua missão primordial de combate ao crime organizado com especial destaque ao tráfico de drogas.

A Liga condena o que diz ser “decisão imponderada” do Governo de suspender as aulas em Bissau, a invasão da propriedade do cidadão Idriça Djalo em Xitole pelos agentes da Guarda Nacional e as agressões e espancamento dos cidadãos dela decorrentes.

Exorta o Governo a reapreciação da decisão de suspender as aulas em Bissau pela aferição de medidas alternativas ou redução do período de suspensão da mesma para minimizar os efeitos negativos no aproveitamento escolar dos alunos.

A LGDH exige ao Ministério Publico a abertura de um inquérito conclusivo e independente para apurar os responsáveis das agressões havidas em Xitole contra cidadãos indefesos, e exorta as autoridades judiciais ,em especial do Ministério Público no sentido de realinhar as suas actuações aos ditames da lai e ao princípio de objectividade.

Ainda exorta a direcção do Polícia Judiciária no sentido de se distanciar de todas as tentativas de manipulação e instrumentalização para fins contrárias à sua missão fundamental de combate ao crime organizado. ANG/MSC//SG

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