Covid-19/A MAIORIA DOS PAÍSES AFRICANOS SÓ TERÁ VACINAÇÃO EM
MASSA a PARTIR DE 2023
Bissau, 28 Jan 21 (ANG) - A maioria dos países africanos só terá imunização em massa a partir de 2023, segundo previsão da The Economist Intelligence Unit, que admite que, com o evoluir da pandemia, muitos dos países mais frágeis possam desistir da vacinação.
O relatório da The
Economist Intelligence Unit prevê que a maioria da população adulta nas
economias avançadas terá sido vacinada até meados de 2022.
Para os países de
rendimento médio, este período prolongar-se-á até finais de 2022 ou princípios
de 2023, enquanto para as economias mais pobres, a imunização em massa levará
até 2024, se chegar mesmo a acontecer.
Nesta última fase,
encontram-se a generalidade dos países africanos, incluindo os lusófonos
Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, bem como
Timor-Leste.
No continente africano,
a excepção é a África do Sul, que segundo o relatório, deverá ter a
generalidade dos seus cerca de 58 milhões de habitantes vacinados até meados de
2022.
Marrocos, Egipto,
Quénia, Etiópia e o Gabão deverão atingir essa meta em finais de 2022.
A The Economist
Intelligence Unit classifica como "inquietantes" as perspectivas de
vacinação para as economias em desenvolvimento, apontando que alguns países de
rendimento médio e a maioria dos de baixo rendimento contam com a COVAX, uma
iniciativa liderada pela Organização Mundial de Saúde, que visa assegurar 6 mil
milhões de doses de vacinas para os países mais pobres.
Os primeiros 2 mil
milhões de vacinas serão dados em 2021, com prioridade para os profissionais de
saúde, mas as doses fornecidas pela COVAX cobrirão apenas até 20% da população
de cada país.
O estudo estima, no
entanto, que os fornecimentos de vacinas venham a sofrer atrasos e a acontecer
a um ritmo mais lento do que o inicialmente previsto, sobretudo se os atrasos
na produção e entrega para os países mais ricos se agravarem.
"Dado que já
ocorreram problemas inesperados na aquisição e fornecimentos na maioria dos
países desenvolvidos, é provável que os países em desenvolvimento com
infra-estruturas pobres, poucos trabalhadores na área da saúde e refrigeração
inadequada encontrem ainda mais dificuldades" na implementação dos seus
planos de vacinação, aponta o estudo.
"Isto significa
que para muitas nações pobres, a chegada generalizada de vacinas só terá início
em 2023, se acontecer de todo", acrescenta.
O documento aponta a
produção como o principal obstáculo, uma vez que muitos países encomendaram
previamente mais doses do que as que necessitavam, sublinhando igualmente os
"significativos custos" associados aos programas de imunização em
massa, especialmente para os países menos desenvolvidos.
"A diplomacia
da vacina desempenhará um grande papel na determinação dos países em
desenvolvimento que terão acesso nos próximos meses, com a Rússia e a China a
utilizarem o lançamento das suas próprias vacinas para fazer avançar os seus
interesses", refere o estudo.
A análise prevê
ainda que, uma vez vacinados os grupos prioritários, alguns países -
especialmente os mais pobres e com um perfil demográfico jovem - venham a
perder a motivação para distribuir vacinas, especialmente se a doença se tiver
espalhado ou se os custos associados se revelarem demasiado elevados.
O estudo aponta os
exemplos de vacinas como a da poliomielite ou a tuberculose, que estão
disponíveis há décadas, mas às quais largas franjas da população nos países
mais pobres continuam sem acesso.
"O que foi
denominado de 'novo coronavírus' há apenas um ano estará connosco a longo
prazo, a par de muitas outras doenças que moldaram a vida ao longo dos
séculos", aponta a The Economist Intelligence Unit.
O Reino Unido, os
EUA e a maioria dos países da União Europeia deverão ter imunizado os seus
grupos prioritários (incluindo idosos, pessoas com doenças associadas e
trabalhadores do sector da saúde) até ao final de Março, com outros países a
recuperarem o atraso até ao final de Junho, prevê o estudo.
O que, segundo a The
Economist Intelligence Unit, deverá permitir que as perspectivas económicas
globais "se tornem mais favoráveis a partir de meados de 2021, com a
recuperação económica global a ganhar velocidade no terceiro e quarto
trimestres.
"No entanto, a
vida não voltará ao normal, uma vez que os programas de imunização para a
maioria da população nas economias avançadas continuarão até meados de
2022", refere o documento, apontando como "prováveis", mesmo
depois dessa data, "surtos locais de Covid-19, que poderão levar à
imposição de bloqueios locais ou nacionais".ANG/Angop
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