Covid-19/Investigadores brasileiros avançam em vacina em formato de spray nasal
Bissau, 06 Set 21(ANG) – Um grupo de investigadores brasileiros que desenvolve uma vacina contra a covid-19 em formato de spray nasal, de baixo custo e capaz de proteger contra diversas variantes, obteve resultados bem-sucedidos nos primeiros testes em animais.
“Os testes preliminares com duas doses de protótipos do antígeno permitiram a geração de grandes quantidades de anticorpos neutralizadores em ratos de laboratório”, informou a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), órgão público que financia o projecto.A
expectativa dos investigadores é receber ainda este ano autorização para os
ensaios clínicos (em humanos) do spray e iniciá-los no início de 2022 para
determinar tanto a segurança, quanto a eficácia do produto.
Segundo
os responsáveis pela vacina, as principais vantagens do imunizante na forma de
spray são a facilidade de aplicação e a rapidez com que pode gerar imunidade
local no nariz, orofaringe e pulmões, três partes do corpo fundamentais para
evitar a consolidação de uma infecção por SARS-CoV-2.
Além
disso, a possível vacina brasileira em spray é de baixo custo, de protecção
prolongada mesmo contra as diferentes variantes do novo coronavírus e capaz de
bloquear a acção do vírus no nariz, onde começa a infecção.
A
futura vacina é objecto de um projecto do qual participam investigadores da
Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), maior centro de investigação em saúde da
América Latina e vinculado ao Ministério da Saúde brasileiro.
“As
vacinas injetáveis são muito boas em induzir a imunidade sistémica, inclusive
nos pulmões, mas não são particularmente boas em gerar uma resposta protetora
na região nasal e orofaringe”, explicou Edecio Cunha Neto, investigador da USP
e um dos responsáveis pelo projecto.
“As
vacinas actuais são excelentes e foram desenvolvidas em tempo recorde, mas
agora precisamos de um imunizante de segunda geração capaz de resolver os
problemas que surgem durante a imunização e servir de reforço aos injectáveis”,
acrescentou Cunha Neto.
Para desenvolver
uma vacina capaz de proteger contra as diferentes variantes da covid-19,
investigadores estão a trabalhar com um antígeno que tem como componente a
proteína S (spike) de diferentes estirpes já identificadas.
Esta
proteína é a que conecta o vírus às células humanas e a que mais sofreu
mutações e gerou novas estirpes.
O
antígeno, segundo os investigadores, também contém partes das proteínas que
estimulam a resposta celular, o que permitirá uma acção mais duradoura do que a
alcançada pelos anticorpos neutralizadores.
Segundo
Cunha Neto, a equipa testa actualmente 25 combinações diferentes de proteínas,
que serão encapsuladas em nanopartículas de cerâmica revestidas por um polímero
para garantir a adesão do imunizante ao meio nasal.
Segundo
os investigadores brasileiros, esta vacina será estável à temperatura ambiente,
pelo que não precisará de ser armazenada em frigoríficos especiais, além de
segura, de baixo custo e com uma tecnologia que permite ao Brasil dominar todo
o processo de fabricação e produzi-la no país.
O
Brasil, um doa países mais afectados pela pandemia no mundo, totaliza 582.670
mortos e e 20.856.060 casos de covid-19.
A covid-19 provocou pelo menos 4.529.715 mortes em todo o mundo, entre mais de 218,96 milhões de infecções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.Inforpress/Lusa
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