Sondagem/Portugueses apoiariam Merkel para “Presidente” da Europa
Bissau, 14 Set 21 (ANG) - Uma pesquisa do European Council on Foreign Relations mostra que os portugueses estão entre os três primeiros povos europeus que escolheriam Angela Merkel para um cargo de "presidente" da Europa.
O
European Council on Foreign Relations, um grupo de estudos
internacionais fundado em 2007 e com sede em Londres, realizou uma
série de sondagens sobre "o que esperam os europeus depois das
eleições na Alemanha" com base no fim do que chamou
"merkelismo", a saída de Angela Merkel, de 67 anos, do cargo de
chanceler para o qual foi eleita pela primeira vez em Novembro de 2005.
Uma
das pesquisas analisada mostra que a maioria das pessoas questionadas,
nomeadamente os holandeses (58%), espanhóis (57%) e portugueses (52%),
"votariam em Angela Merkel em vez de Emmanuel Macron" para um cargo
de "presidente" da Europa.
A
pesquisa foi realizada em 12 países europeus sendo que em relação às
preferências entre Merkel e o presidente francês, Emmanuel Macron, os
alemães surgem na sexta posição.
"Uma
das surpresas nos dados que foram apresentados diz respeito às expectativas
positivas em relação à liderança alemã em assuntos como economia e finanças. Se
recuássemos dez anos estaríamos no meio da crise da Zona Euro, da crise
bancária e da dívida soberana", disse Daniela Schwarzer, directora para a
Europa e Ásia da Open Society Foundation que analisou o assunto durante o
debate que decorreu hoje sobre o fim da "era Merkel".
Neste
sentido Schwarzer recordou que há dez anos a Alemanha impôs decisões
económicas, em conjunto com a Comissão Europeia, Banco Central Europeu e o
Fundo Monetário Internacional, que serviram "interesses próprios" de
Berlim e que foram "profundamente criticadas" em particular pelos
países do sul da Europa.
A
Alemanha tentava "defender" o paradigma da Zona Euro e controlar as
políticas nacionais através da "austeridade" em cada um dos
países afectados pela crise económica e financeira.
"Por
isso, são surpreendentes estes dados que mostram que a maioria dos europeus
(...) Por isso temos de perceber que o mundo entretanto mudou", disse
Daniela Schwarzer enfatizando que a presença internacional da República
Popular da China tem actualmente um papel determinante.
Para
a especialista, os europeus demonstram consciência do papel da Europa no
mundo, do ponto de vista económico e financeiro face às outras potências.
"Agora,
o futuro vai depender da composição do (futuro) governo alemão. Os
democrata-cristãos da CDU têm sido muito cautelosos em relação a mudanças na
Zona Euro, em questões relacionadas com risco ou solidariedade financeira ou o
uso de instrumentos financeiros como vimos com o Fundo de Recuperação. Os
social-democratas do SPD não têm sido muito diferentes mas existem
divergências de pensamento", sublinhou.
Sobre
as diferenças de fundo entre a CDU e o SPD, Daniela
Schwarzer destacou a política fiscal referindo que se trata de um assunto
onde a Alemanha e a França podem encontrar convergências, em particular, mas
que tudo vai depender das presidenciais francesas e da composição do futuro
governo alemão.
Uma
outra pesquisa diz respeito à confiança dos europeus na defesa dos interesses
económicos da União Europeia, na salvaguarda de Direitos Liberdades e
Garantias e relações diplomáticas.
Assim,
36% do total dos inquiridos nos 12 países europeus dizem estar confiantes
em relação à Alemanha em matérias como economia e finanças; 35% confiam em
Berlim na defesa de democracia e direitos humanos; 25% nas relações com os
Estados Unidos; 20% nas relações com a Rússia e 17% nas relações com a
República Popular da China.
Em
particular, a Hungria é o país que mais confia na Alemanha no que diz respeito
à capacidade de gerir as relações com as grandes potências mundiais.
Os
alemães surgem em terceiro lugar e os portugueses como o oitavo país na lista
sobre a capacidade de Berlim em gerir as relações com os Estados Unidos, a
Rússia e a República Popular da China.
O
estudo foi apresentado pelo universitário Piotr Buras,
do European Council on Foreign Relations em Varsóvia, que referindo-se ao
final da "era Mekel" e ao futuro da Alemanha, depois das eleições de
26 de Setembro, disse que a "idade de ouro" do país "está
no passado" e que os alemães têm de mostrar capacidade para se
reinventarem.
"Não
tenho opções. Tenho de ser optimista. O que mostramos no nosso estudo é o
paradoxo alemão. A Alemanha quando olha para trás vê uma era de grande sucesso
com Angela Merkel mas este modelo é politicamente insustentável. A Alemanha tem
de se reinventar em muitas áreas. Podemos pensar num futuro melhor, na União
Europeia e também na Alemanha e isto está nas mãos dos alemães. Saírem das
sombras do passado glorioso", disse Piotr Buras.
O
universitário de Varsóvia apontou como "desastroso" o acordo
energético entre a Alemanha e a Rússia (Nord Stream 2), a política de
Defesa sobretudo em relação à missão militar no Afeganistão (em que participou
um total de 150 mil soldados alemães), e as "hesitações" no que diz
respeito a políticas climáticas e ao envelhecimento da população alemã.
Mesmo
assim destacou a capacidade de Angela Merkel "na resolução de conflitos e
em evitar crises".ANG/Angop
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