Venezuela/ONU pede
fim das sanções internacionais e mais acções para garantir direitos humanos
Bissau, 14 Set 21(ANG) – O escritório da alta comissária para os Direitos Humanos (ACNUDH)divulgou segunda-feira um relatório sobre a Venezuela em que saúda a adopção de medidas governamentais para corrigir deficiências em termos de direitos económicos, sociais, culturais e ambientais dos venezuelanos.
O
relatório, elaborado pela alta comissária dos Direitos Humanos da ONU, Michelle
Bachelet, sublinha que essas medidas foram implementadas apesar dos desafios
adicionais colocados pela pandemia da covid-19 e as “medidas coercitivas
unilaterais sectoriais (sanções internacionais dos EUA), que reduziram ainda
mais os recursos disponíveis”.
Contudo,
segundo o documento, “muitas medidas urgentes que afectam directamente estes
direitos continuam por implementar”, tais como “garantir níveis de rendimento
adequados, investigar denúncias de discriminação no acesso aos alimentos e à
saúde, e assegurar a participação inclusiva de representantes da sociedade
civil na elaboração de políticas públicas”.
Por
outro lado, o ACNDH pede aos “Estados membros que suspendam ou levantem” as
sanções internacionais contra a Venezuela, porque “impedem os esforços do
Governo para fazer frente ao impacto combinado da situação humanitária e da
pandemia da covid-19 sobre a população”.
Também
que continuem a apoiar a resposta humanitária na Venezuela, em particular sobre
a covid-19, que garantam a distribuição justa das vacinas e o direito dos
migrantes venezuelanos nos seus territórios (países) e investiguem as violações
dos direitos humanos cometidos contra eles.
O
ACNUDH diz estar “preocupado com a criminalização dos defensores dos direitos
económicos, sociais, culturais e ambientais, em particular dos líderes
sindicais e estudantis” na Venezuela.
Além
das recomendações anteriores, algumas ainda válidas, o ACNUDH insta a Venezuela
a “continuar com os esforços para melhorar o acesso aos serviços básicos e à
alimentação” e a prestar “especial atenção à igualdade de acesso e à não
discriminação, assegurando a transparência, a participação e o controlo
público”.
No
relatório, a alta comissária dos Direitos Humanos da ONU, pede ainda que o
Governo garanta rendimentos suficientes aos funcionários públicos e
trabalhadores dos sectores dependentes de financiamento público, em particular
da saúde e educação, que ajuste os salários, subsídios alimentares, e promova
os direitos laborais, incluindo o cumprimento dos acordos internacionais de
trabalho e de negociação colectiva.
O
ACNUDH pede que a Venezuela garanta o acesso a informação pública segundo
standards internacionais e que os grupos vulneráveis sejam consultados antes da
adopção de decisões que os afectem.
Recomenda
ainda que sejam divulgados o Orçamento de Estado, a estrutura organizativa e as
“memórias e contas” dos organismos públicos e que sejam investigadas denúncias
sobre acesso discriminatório a programas de protecção social e dê prioridade
aos grupos “mais marginados”.
O
ACNUDH diz que a Venezuela deve implementar o mandato constitucional de
reconhecimento dos territórios indígenas e os direitos colectivos à terra e
cooperar com a ONU para garantir os direitos humanos das pessoas que se
mobilizam dentro do território, em particular os migrantes e repatriados, e
“investigar os casos de desaparecimentos e denúncias de ‘trata’ (tráfico) de
pessoas”.
O
relatório recomenda aplicar “um quadro regulador ambiental às indústrias
petrolífera e mineira, em particular na região do Arco Mineiro do Orinoco, e
ratificar o Acordo Regional sobre o Acesso à Informação, Participação Pública e
Acesso à Justiça em Matéria Ambiental na América Latina e nas Caraíbas,
conhecido como Acordo de Escazú”.
Alterar a legislação venezuelana para descriminalizar o aborto e assegurar a prestação de serviços de saúde sexual e reprodutivos adequados, são outras recomendações, que incluem ainda assegurar a igualdade no acesso a vacinas, em particular entre grupos marginalizados.ANG/Inforpress/Lusa
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