Imigração clandestina
Um grupo de 45 guineenses acaba
de chegar à Melila
Bissau, 25 Ago 14 (ANG) - Um
grupo de candidatos guineenses à imigração clandestina que acaba de chegar ao
Centro de Acolhimento de Melila em Espanha denunciou a existência de uma rede
de tráfico de pessoas para imigração clandestina para Europa.
A denúncia foi feita ao Braima Camará,
ex-jornalista da Rádio Galáxia de Pindjiguiti, que se encontra numa formação em
Espanha.
Num trabalho feito para Agência
de Noticias da Guiné-ANG e enviado por email, Braima Camara, referiu que são no
total 45 imigrantes oriundos da Guiné-Bissau num grupo de 800 clandestinos
africanos entre eles sete mulheres e três crianças.
Citando Mamadu Baldé, que diz ser
natural de Bafatá e Malam Cissé de Gabu, o jornalista guineense adianta que a rede
opera no itinerário, Bissau-Ziguinchor-Dakar-Marrocos, passando pela Mauritânia
e por uma rede paralela a um muro de mais de 18 metros que separa as fronteiras
terrestres entre o Reino de Marrocos e Espanha.
Baldé e Cissé terão confirmado
ter pago para a viagem “de procura de melhores condições de vida” entre Um e
dois milhões de francos cfa cada.
Os dois, segundo Braima Camará, explicaram que
foram contactados por um amigo residente em Ziguinchor, que os disse que seriam
levados para trabalhar numa fábrica na Alemanha. De viagem para Alemanha foram
abandonados na Mauritânia onde, sem dinheiro para regressar, se submeteram
durante três anos a trabalhos, ” como se fossem escravos”. “Foi em 2004”,
lembra Cissé.
Da Mauritânia seguiram para a Líbia
e depois para Marrocos onde foram detidas durante sete meses pelas forças de
segurança.
“Quando, com ajuda de Deus fomos
libertados abandonamos a Casablanca alguns dias depois e fomos para Guru, uma
cidade do Norte de Marrocos que faz fronteira com a Espanha, escondendo em
buracos das montanhas, para não sermos vistos pelas guardas costeiras dessa
zona”, contou Mamadu.
Sem avançar números, Baldé
lamentou as mortes registadas durante o percurso, que disse deverem-se a falta
de água, alimentação e cansaço extremo.
Segundo referiu, no itinerário
Mauritânia/Marrocos passasse pelo deserto caminhando duas semanas sem parar.
Os dois ainda denunciaram que os
traficantes obrigam as mulheres a prostituírem-se durante a caminhada e que
algumas até deram luz nos buracos das montanhas.
O grupo aguarda a sua sorte em Melila,
com a esperança de poder realizar o sonho de trabalhar na Europa, para a
“melhoria das condições de vida”.
Entretanto na ilha italiana de
Lampedusa, outro ponto de entrada muito utilizado por candidatos à imigração
clandestina para Europa, 18 corpos foram encontrados no domingo a bordo de uma
embarcação à deriva.
Segundo a RFI, desde sexta-feira,
a operação “Mare Nostrum” socorreu cerca
de 3.500 candidatos à imigração clandestina , que partiram do Norte de Africa. ANG/SG
.
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