“O Governo está em perigo” , diz Presidente da ANP, Cipriano Cassamá
Bissau,06
Ago 15(ANG) – O Presidente do parlamento da Guiné-Bissau, Cipriano
Cassamá, afirmou à saida Quarta-Feira de um encontro com o Presidente da
República que o Governo de Domingos
Simoes Pereira está em perigo.
“O que ouvi hoje de manhã, eu não concordo. Há
possibilidade de dialogarmos. A queda do Governo não é uma solução para este
país”, referiu perante os deputados na Assembleia Nacional Popular (ANP).
Na intervenção, Cassamá
deixou críticas implícitas ao Presidente da República e à possibilidade de este
demitir o Governo por dificuldades de relacionamento pessoal com o primeiro-ministro,
Domingos Simões Pereira, tal como referido por fontes políticas e diplomáticas
em Bissau.
“Estou com muita pena de
alguns dirigentes deste país. É uma vergonha. O Governo está em perigo e o povo
da Guiné-Bissau tem que assumir as suas responsabilidades”, sublinhou Cipriano
Cassamá.
Num tom de voz exaltado, o presidente
da ANP fez também um apelo para que os
parlamentares defendam a estabilidade política conquistada com as eleições
gerais de 2014.
“Os deputados da nação não
podem ser coniventes com ninguém neste país. O que nós queremos é que haja paz
e estabilidade para este povo”, concluiu.
A Assembleia Nacional
Popular (ANP) da Guiné-Bissau aprovou a 25 de junho, por unanimidade, uma moção
de confiança ao Governo liderado por Domingos Simões Pereira.
Na mesma semana, o PAIGC
aprovou também uma moção de apoio ao primeiro-ministro (e líder do partido) e
sua equipa, apelando ao diálogo entre todos – algo que Simões Pereira disse que
seria “mais fácil” depois do afastamento de dois dirigentes políticos.
Baciro Dja demitiu-se do
cargo de ministro da Presidência do Conselho de Ministros e Abel Gomes
abandonou o secretariado-nacional do PAIGC.
Mas José Mário Vaz mantém em
cima da mesa a possibilidade de afastar o Executivo e, nesse sentido, iniciou,
esta quarta-feira, uma série de audições, tal como previsto na Constituição,
começando pelos partidos políticos sem representação parlamentar.
Uma fonte da Presidência
guineense admitiu à Lusa a possibilidade de o chefe de Estado ouvir na
quinta-feira os partidos com representação na Assembleia.
Antes de tomada de qualquer
decisão de fundo, o Presidente da Republica , à luz da Constituição do país, é
obrigado a auscultar as forças vivas, nomeadamente todos os partidos legalmente
constituídos, bem como o Conselho de Estado.
O chefe de Estado foi ao
Parlamento no início de julho para dirigir um discurso à nação em que desmentiu
rumores sobre a possibilidade de demitir o Governo, prometendo apoiá-lo e
defender a estabilidade no país – mas ao mesmo tempo deixando no ar a ideia de
que prefere ver feita uma remodelação governamental.
Nas últimas semanas, várias
figuras políticas e diplomáticas têm-se desdobrado em reuniões por se manter a
possibilidade de Vaz derrubar o Executivo, na sequência de alegadas dificuldades
de relacionamento com Domingos Simões Pereira.
O Chefe do Governo
guineense, de acordo com uma nota de imprensa do seu gabinete, pretende encetar
alguns encontros hoje, quinta-feira com os partidos políticos e os membros da
comunidade internacional.
ANG/Lusa
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