Demissão do governo
Ramos Horta consternado com decisão
presidencial
Bissau,13 Ago 15(ANG) - O ex-Presidente da República
timorense, antigo representante da ONU na Guiné-Bissau, José Ramos Ramos-Horta
José manifestou-se hoje consternado com a decisão do chefe de Estado guineense
de demitir o Governo, defendendo que Timor-Leste deve congelar de imediato a
cooperação com a Guiné-Bissau.
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José Ramos Horta |
"A decisão não me surpreendeu mas não deixo de ficar
consternado perante a total incapacidade da liderança guineense de superar as
diferenças políticas e sociais, fazendo o país recuar de novo, face aos
progressos registados nos últimos 12 meses”, disse à Lusa em Díli, o Nobel da
paz.
Ramos-Horta reagia à decisão do Presidente da República
da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, de demitir o Governo liderado por Domingos
Simões Pereira, segundo um decreto presidencial lido às 23:10 de quarta-feira
na Rádio Difusão Nacional.
“É demitido o Governo chefiado por Domingos Simões
Pereira”, refere-se no único artigo do decreto presidencial.
A decisão foi divulgada pela rádio pública da
Guiné-Bissau duas horas e meia depois de o chefe de Estado ter feito um
discurso à nação, no qual referiu que uma remodelação governamental não chegava
para resolver a crise política no país.
Para Ramos-Horta “se há um país em que não há razão para
mudança de um Governo, a Guiné-Bissau é um exemplo”, já que “tem havido
progressos visíveis no plano social e económico, no ambiente político geral, no
plano de segurança e no apoio internacional”.
“Não me parece
que países como Timor-Leste devam continuar a manter o mesmo nível de
relacionamento com a Guiné-Bissau face a esta nova situação, disse Horta, que é enviado especial
do presidente da República de Timor-Leste para a Guiné-Bissau e Guiné
Equatorial.
“Como timorense tenho que aconselhar o Governo de
Timor-Leste, como mínimo, a congelar de imediato a sua cooperação com a
Guiné-Bissau até que o Presidente e o Governo reúnam para tomar medidas
definitivas”, afirmou.
José Ramos-Horta mostrou-se preocupado que a situação se
agrave significativamente no plano interno, notando que o primeiro-ministro
demitido “goza de grande legitimidade, sobretudo da camada jovem da população,
pelos progressos havidos nos últimos 12 meses da sua governação”.
“O país pode ficar cronicamente instável e isso significa
afugentar os parceiros e investidores. E não sabemos o dia de amanhã, as
próximas semanas e meses, como será o futuro agora da Guiné-Bissau”, disse.
Segundo o constitucionalista, Carlos Vamain, demitido o
governo, o Presidente da República deve agora solicitar o PAIGC a apresentar novo nome para a chefia de um
novo governo.
ANG/Lusa
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