sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Grupo 5+1 e Teerão


Acordo nuclear está paralisado

Bissau, 05 Ago 16 (ANG) - O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, acusou  os Estados Unidos de fraco envolvimento no acordo nuclear assinado entre o seu país e as potências do Grupo 5+1.

Ali Khamenei considerou o fraco empenho dos EUA um “exemplo claro da necessidade de desconfiar das promessas feitas ao Irão pela assinatura do acordo.”

A máxima figura política e religiosa do Irão disse, num discurso diante de centenas de cidadãos de todo o país, que estas são as suas palavras mais duras contra o denominado plano integral de acção conjunta (JCPOA, em inglês) com as potências.

“Hoje, até mesmo os diplomatas e aqueles que estiveram presentes nas negociações nucleares repetem o facto de que os EUA estão a romper com as suas promessas e, enquanto falam suave e docemente, estão a obstruir e a danificar as relações económicas do Irão com outros países”, disse Khamenei.

Ele estava a referir-se às repetidas queixas por parte das autoridades iranianas pelas supostas pressões que os EUA fazem sobre os bancos e as instituições financeiras globais para os impedir de trabalhar com o Irão, apesar do acordo nuclear, em vigor desde o início deste ano. 

O líder espiritual iraniano exigiu mesmo o fim de todas as sanções económicas contra o país. Para Khamenei, esta situação revela que “o JCPOA, como experiência, demonstrou que é inútil negociar com os norte-americanos, dada a sua falta de lealdade com as promessas”. 

“Os norte-americanas dizem que querem negociar connosco sobre temas regionais, mas a experiência do JCPOA nos diz que tomar esse passo seria um veneno mortal e que as declarações dos EUA não podem ser confiáveis”,  afirmou Khamenei. 

O Presidente norte-americano, Barack Obama, garantiu que vai fazer de tudo para manter o acordo com o Irão. Ele afirmou que vai vetar qualquer norma orientada para destruir o acordo nuclear. 

No Irão, as críticas e ameaças aos Estados Unidos são quase constantes devido  à falta de cumprimento do acordo.

 Salehi, que foi um dos principais negociadores do histórico acordo nuclear assinado há quase um ano entre o Irão e as potências do Grupo 5+1 (EUA, França, Rússia, Reino Unido, China e Alemanha), disse que a sua crença é que “o outro lado tenta manter o JCPOA, entre outras coisas, porque sabe que uma violação do mesmo prejudica mais a eles que a nós”.

 “O primeiro prejuízo para os EUA seria que a sua credibilidade política, na qual investiram muito, se verá manchada e vão ter que pagar caro se o mundo se der conta que respeitaram tão pouco os seus compromissos”, indicou o negociador.

Nesse sentido, Salehi ressaltou que um início bem sucedido do JCPOA “é do interesse do Irão, do Ocidente, do Médio Oriente e da comunidade internacional em seu conjunto, enquanto o seu fracasso prejudica a todos”. 

O acordo, assinado em Viena após longos meses de duras negociações em 14 de Julho de 2015, eliminava todas as sanções económicas e comerciais contra o Irão, impostas pela União Europeia, pelas Nações Unidas e pelos EUA devido ao seu programa nuclear, em troca de severas restrições e um controlo internacional mais exaustivo do mesmo. 

O jornal norte-americano “The Wall Street Journal” noticiou que a Administração Obama enviou, clandestinamente em Janeiro, um avião a Teerão com dinheiro em moedas de vários países, perfazendo um total de 400 milhões de dólares. O jornal destaca que paletes de madeira, nas quais se suspeita estarem maços de euros, francos suíços e outras moedas, não tinham qualquer marcação quando estavam a bordo da aeronave. 

O pagamento foi realizado em moeda estrangeira, porque quaisquer operações em dólares entre Teerão e Washington são proibidas. Mais cedo, a imprensa iraniana informou que os representantes do Ministério da Defesa do  país consideraram o pagamento como um resgate.

 Ao mesmo tempo, os funcionários norte-americanos excluem qualquer ligação entre o dinheiro e a libertação de norte-americanos  detidos em Teerão.

A versão oficial diz que o dinheiro enviado foi a primeira parte da soma de 1,7 mil milhões de dólares em moeda estrangeira, que os EUA devem pagar ao Irão no âmbito da regularização da disputa sobre o contrato frustrado em 1979 de fornecimento de armas.

Em Janeiro, foram libertados quatro norte-americanos no Irão: o jornalista Jason Rezaian, o pregador Saeed Abedini, o militar Amir Hekmati e o estudante Nosratollah Khosvari-Roodsari, detido em Teerão alguns meses antes da situação. 

Como medida de resposta, as autoridades norte-americanas libertaram sete iranianos, seis dos quais têm dupla cidadania. O passo dos EUA provocou discussões entre senadores e outros responsáveis.  

Alguns pensam que o pagamento vai ser usado pelo Irão para financiar os seus aliados, inclusive o Governo sírio. O senador James Lankford disse que o dinheiro contribui para a expansão militar do Irão.

O director da CIA, John Brenann, disse que há boas evidências da aplicação do dinheiro, “porque as informações justificam isso”. 

ANG/JA

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