quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Moçambique


Retomado em Maputo o diálogo político

Bissau, 10 Ago 16 (ANG) - As negociações de paz entre o Governo moçambicano e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido de oposição, foram retomadas segunda-feira, em Maputo, na presença de mediadores internacionais, ausentes do país desde 27 de Julho.

“Acabámos de sair de um encontro satisfatório”, disse aos jornalistas Quett Masire, antigo Presidente do Botswana e um dos mediadores internacionais, sem pormenores sobre o conteúdo da reunião, indicando apenas que a equipa de mediação prepara uma reunião, em separado, com as partes.

O italiano Mário Raffaelli, indicado pela União Europeia (UE), tem sido o porta-voz dos mediadores internacionais, mas, segundo uma fonte comunitária, o político italiano adiou o seu regresso a Maputo por razões pessoais e só deve retomar o seu lugar nas conversações a partir de hoje.

Raffaelli foi o mediador-chefe do Acordo Geral de Paz, que colocou, em 1992 em Roma, fim a 16 anos de guerra civil em Moçambique entre as forças do Governo e a Renamo. 

Ângelo Romano, da Comunidade de Santo Egídio, o outro mediador indicado pela UE, desembarcou segunda-feira em Maputo. As negociações de paz em Moçambique foram suspensas a 27 de Julho, anunciou na altura Mário Raffaeli, que deixou uma proposta a ser analisada pelas delegações do Governo e da Renamo.

 “Não é uma interrupção por um motivo particular, é uma interrupção logística”, afirmou aos jornalistas o mediador Mário Raffaelli, sem fornecer detalhes sobre a proposta, acrescentando que “a negociação não é uma coisa pública.”

As conversações estão focadas no primeiro ponto da agenda, sobre a exigência do principal partido de oposição de governar nas seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.

Os mediadores partilharam, no entanto, com os jornalistas algumas mensagens transmitidas às delegações, entre as quais que aproveitassem os dias de suspensão “para preparar as posições de cada parte sobre todos os assuntos” previstos na agenda negocial.

Além da exigência da Renamo de governar em seis províncias, a agenda do diálogo integra a cessação imediata dos confrontos, a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança, incluindo da Polícia e dos Serviços de Informação, e o desarmamento do braço armado da Renamo e a sua reintegração na vida civil. 

O coordenador dos mediadores de paz disse que a conclusão do documento deixado nas mãos do Governo e da Renamo “é um forte apelo para acabar com a violência e criar condições para a paz”, num período em que as negociações estão a ser acompanhadas de notícias de confrontos entre as partes, ataques atribuídos pelas autoridades aos homens armados da oposição e denúncias mútuas de raptos e assassínios.

“No país estão a acontecer coisas - não estou a dizer que são criadas por uma parte ou por outra -, mas falando com o povo é fácil perceber que a sua primeira preocupação é a paz”, declarou o mediador da União Europeia ao exortar os moçambicanos “a fazerem sentir a sua própria voz”, no sentido de um entendimento “claro e definitivo.”

“Não tenho bola de cristal”, disse, por outro lado, o coordenador dos mediadores, quando questionado sobre o prazo para um entendimento, esperando que seja “no mínimo tempo possível.”

Os mediadores internacionais apontados pela Renamo são representantes indicados pela União Europeia, Igreja Católica e África do Sul, enquanto o Governo nomeou o ex-Presidente do Botsuana, Quett Masire, pela Fundação Global Leadership (do ex-secretário de Estado norte-americano para os Assuntos Africanos, Chester Crocker), a Fundação Faith, liderada pelo ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e o antigo Presidente da Tanzânia, Jakaya Kikwete. 

ANG/JA

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