Golpe
de Estado/CEDEAO
suspende Guiné-Conacri e pede libertação imediata de Alpha Condé
Bissau,09 Set 21(ANG) - Os
líderes dos Estados-membros da CEDEAO suspenderam quarta-feira a Guiné-Conacri
dos seus órgãos de decisão e decidiram enviar uma missão ao país, apelando para
a libertação do Presidente,Alpha Condé detido num golpe de Estado no domingo.
A Comunidade Económica dos
Estados da África Ocidental (CEDEAO) “decidiu suspender a Guiné-Conacri de
todos os seus órgãos de decisão e solicita que estas decisões sejam aprovadas
pela União Africana e pelas Nações Unidas”, disse o ministro do Negócios
Estrangeiros do Burkina Faso, Alpha Barry, após uma cimeira realizada por
videoconferência.
De acordo com o governante,
citado pela agência France-Presse (AFP), uma “missão de alto nível” será
enviada para a Guiné-Conacri na quinta-feira para “discutir com as novas
autoridades”.
Segundo Barry, após esta
missão, que tem, atualmente, uma duração indeterminada, a CEDEAO “irá rever as
suas posições”.
O chefe da diplomacia do
Burkina Faso referiu ainda que os líderes da organização regional “exigiram o
respeito pela integridade física do Presidente Alpha Condé”, e a “libertação
imediata” do chefe de Estado e de todos os que foram presos.
Alpha Barry apelou ainda aos
militares para “colocarem em prática um processo que permita um regresso rápido
à ordem constitucional normal”.
Alpha Condé, que governou a
Guiné-Conacri desde 2010 até ao passado domingo, foi derrubado e preso por
membros do Grupo das Forças Especiais do Exército do país, liderado pelo
tenente-coronel Mamady Doumbouya, que justificou o golpe como uma ação para
criar as condições para o Estado de direito.
Os golpistas dissolveram as instituições
de Estado do país no passado domingo. Foi instituído um recolher obrigatório
noturno, e a Constituição do país e a Assembleia Nacional foram ambas
dissolvidas.
O secretário-geral das
Nações Unidas, António Guterres, condenou “qualquer tomada de poder pela força
das armas”.
A Guiné-Conacri realizou
eleições presidenciais no passado dia 18 de outubro, na qual Condé concorreu a
um controverso terceiro mandato, impedido pela Constituição do país, e após a
realização de um referendo em março de 2020 para alterar a Carta Magna,
aprovado com 91,5% dos votos.
Condé venceu as
presidenciais com 59,5% dos votos, segundo os resultados homologados pela
Comissão Nacional Eleitoral Independente (CENI) do país; e Diallo, cujo partido
denunciou a existência de uma “fraude em larga escala”, teve 33,5% dos boletins
escrutinados.
Diallo acabou por se
autoproclamar vencedor das eleições, o que levou as forças de segurança a
sitiar a sua casa em 20 de outubro, proibindo todas as entradas e saídas. Oito
dias mais tarde, as forças de segurança retiraram o cerco, após a CEDEAO, a
União Africana (UA) e a ONU terem exigido esse levantamento.
A Guiné-Conacri, país da
África Ocidental, que faz fronteira com a Guiné-Bissau, é um dos mais pobres do
mundo e enfrenta, nos últimos meses, uma crise política e económica, agravada
pela pandemia de covid-19.
Além da Guiné-Conacri,
integram a CEDEAO o Benim, Burquina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia,
Gana, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo.ANG//Lusa
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