terça-feira, 7 de setembro de 2021

           Guiné-Conacri/  Golpistas  tranquilizam cidadãos e investidores

 Bissau, 07 Set 21 (ANG) - Os militares golpistas na Guiné Conakry, que capturaram o presidente Alpha Condé e anunciaram a dissolução das instituições, asseguraram segunda-feira que vão respeitar os contratos económicos e de mineração e vão evitar qualquer "caça às bruxas".

O líder golpista, Mamady Doumbouya, assegurou que o comité que agora lidera este país produtor de bauxite e minerais "respeitará todas as suas obrigações" e "convénios" e continuará "a promover os investimentos estrangeiros no país".

Também prometeu um "governo de união nacional" para conduzir uma "transição política", sem dar mais detalhes.

Vestido com o seu traje militar, o comandante das forças especiais reuniu-se na manhã de segunda-feira com os ex-ministros e presidentes das principais instituições do país, que receberam ordem de comparecer a uma reunião no Palácio do Povo, sede do Parlamento.

O tenente coronel Doumbouya pediu que entregassem os documentos de viagem e veículos de função. Mas garantiu que "não haverá espírito de ódio ou vingança (...) não haverá caça às bruxas".

A normalmente movimentada capital guineense estava vazia nesta segunda-feira. Os militares instalaram barricadas nas entradas do centro e soldados armados barravam as pessoas de se aproximarem do palácio presidencial.

Muitas lojas estavam fechadas e o mercado central de Medina, sempre movimentado, parecia inactivo.

Essa tranquilidade só foi interrompida pelos aplausos de alguns vizinhos à medida que os veículos militares passavam.

Um colectivo que se mobilizou durante meses contra o terceiro mandato do presidente Condé informou que os seus membros presos seriam libertados .

As forças especiais guineenses, lideradas por Mamady Doumbouya, afirmaram no domingo, com um vídeo como prova, que capturaram o chefe de Estado para acabar com o que chamaram de "desperdício financeiro, pobreza e corrupção endémica", assim como "a instrumentalização da justiça e o desprezo dos direitos dos cidadãos".

Os golpistas divulgaram um vídeo do presidente Condé, de 83 anos, vestido com jeans e camisa, sentado num sofá. Eles afirmaram que o chefe de Estado deposto está bem de saúde e é tratado correctamente.

No domingo, os militares proclamaram a dissolução do governo, das instituições e da Constituição, que Condé promulgou em 2020 e utilizou para disputar no mesmo ano o terceiro mandato, apesar de meses de protestos.

Os golpistas prometeram um período de transição, ao estilo do vizinho Mali. Ao mesmo tempo, no entanto, anunciaram o recolher obrigatório e fecharam as fronteiras aéreas e terrestres.

Durante a noite, os militares anunciaram na televisão a substituição dos ministros pelos secretários-gerais de cada pasta, assim como de governadores, vice-governadores e administradores regionais por militares. E pediram aos funcionários públicos que retornem ao trabalho na segunda-feira".

O golpe de Estado aconteceu após meses de grave crise económica e política neste país do oeste de África, de 12 milhões de habitantes, governado desde 2010 pelo presidente Condé, cada vez mais isolado.

Esta nação rica em recursos minerais e hidrológicos teve a sua independência em 1958.

Este é o terceiro golpe de Estado na região da África subsaariana no período de um ano, depois do Mali ainda em 2020 e do Tchad em 2021.

Até ao momento não foram registadas mortes, apesar dos tiros ouvidos na manhã de domingo na capital. E nenhum incidente grave foi registado na madrugada de segunda-feira.

O golpe, que representa o fim de uma década do governo de Condé, provocou cenas de comemoração em vários pontos da capital, principalmente nos bairros favoráveis à oposição.

No plano internacional, o golpe recebeu ampla condenação, do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, à União Africana, passando pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e a União Europeia.

O governo dos Estados Unidos também criticou o golpe e advertiu que poderia "limitar" a capacidade americana de ajudar a Guiné Conakry.ANG/Angop

 

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