sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Colômbia


Forças da antiga guerrilha na disputa política do poder

Bissau, 23 Set 16As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) anunciaram esta semana, na conferência que realizam nos Llanos del Yarí, em San Vicente del Caguan, que se tornam partido político em 27 de Maio do próximo ano e participam nas eleições legislativas e presidenciais de 2018. 
A data, explicou o porta-voz da guerrilha, foi escolhida por as FARC terem sido fundadas em 27 de Maio de 1964 e por até Maio do próximo ano, segundo o acordo com o Governo colombiano, a guerrilha terminar as três fases de entrega das armas.  

A Décima Conferência Nacional Guerrilheira termina hoje e junta à porta fechada 29 membros do Estado-Maior Central das FARC, liderados pelo seu líder máximo  Timoleón Jiménez “Timochenko”, e cerca de 200 delegados das diferentes estruturas.

Na conferência, realizada pela primeira vez com o aval das autoridades colombiana e aberta aos meios de comunicação social, que marca o início da transição das FARC a partido político, a guerrilha agendou a analise de  “30 teses” redigidas para explicar às bases guerrilheiras os temas negociados. 

O pacto de Havana inclui, em 297 páginas, pautas para o desenvolvimento agrário, soluções para o problema das drogas ilícitas e a participação política dos guerrilheiros. Inclui, também, o seu desarmamento e reinserção social, o sistema especial de justiça ao qual podem recorrer e o seu compromisso com a reparação às vítimas. Pablo Catatumbo, alto dirigente da guerrilha, revelou que os delegados das FARC reunidos na décima Conferência Nacional Guerrilheira manifestam “apoio unânime” ao acordo de paz assinado em Agosto com o Governo colombiano.

Durante os debates, afirmou pablo Catatumbo, foram propostos alguns dos princípios do futuro partido político, como “combater a corrupção e manter o respeito pelas ideias alheias e a luta pelas ideias”, incentivar a “democracia ampliada e uma Colômbia inclusiva socialmente e mais justa”, que “respeite os princípios democráticos”.

Membros das FARC chegaram de toda a Colômbia a Caguán, tradicional reduto da guerrilha no sudeste do país, para se pronunciar sobre o acordo que deve acabar com um conflito que deixou oito milhões de vítimas, entre os quais 260 mil mortos em confrontos entre guerrilhas, paramilitares e agentes do Estado.

A Décima Conferência Nacional Guerrilheira das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia deve ratificar o acordo de paz alcançado com o Governo colombiano para terminar mais de meio século de violência e “vai de vento em popa”, de acordo com o negociador-chefe da guerrilha, Iván Márquez, que liderou as negociações de paz com o Governo liderado por Juan Manuel Santos, iniciado em Havana, capital cubana, há quatro anos. 

Espera-se, também, que as FARC ratifiquem o acordo, a deposição das armas e a sua transformação num partido ou movimento político.

O acordo é assinado na segunda-feira pelo Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e pelo líder máximo das FARC, Timoleón Jiménez  “Timochenko” numa grande cerimônia com a presença de líderes internacionais.

Para entrar oficialmente em vigor, a população colombiana deve votar no referendo pelos termos de paz marcado para dois Outubro. 

O Tribunal Constitucional colombiano determinou ser preciso, para validar o documento assinado pelas partes, que pelo menos 13 por cento do censo eleitoral vá às urnas, ou seja, que pelo menos 4,5 milhões de pessoas precisam votar para que o resultado, sim ou não ao acordo de paz, seja acatado pelo Governo colombiano e pelas FARC. 

A guerrilha promete aceitar o qu
e a população decidir.

Num vídeo divulgado no início do mês, o negociador-chefe das FARC para o acordo de paz, Iván Marquez, reconheceu que a guerrilha “também causou grande dor na Colômbia” no longo conflito que durou 52 anos e reiterou o compromisso de “não repetir de acções violentas no país após o acordo de paz com o Governo”

“Queremos reconhecer com sentimento de humanidade e reconciliação que, no desenvolvimento do conflito, também causámos uma grande dor com a retenção de pessoas por razões económicas. Ainda que sempre tiveram um propósito de sustentar as necessidades da rebelião, os sequestros prejudicaram relações familiares”, afirmou em Havana, sede das negociações de paz.

Iván Marquez exortou na altura todos os envolvidos no conflito a reconhecer as suas responsabilidades e se comprometer a nunca mais repetir o que foi feito durante a guerra. “Que estas práticas fiquem sepultadas para sempre com o fim da guerra”, concluiu.

As FARC e o Governo colombiano anunciaram o fim das negociações de paz, que duraram quatro anos, no dia 24 de Agosto em Havana, capital de Cuba. 

Em 29 de Agosto foi ordenado um cessar-fogo definitivo, tanto por parte das forças oficiais quanto das FARC, encerrando o conflito armado entre o Governo e a guerrilha.

Nascida de uma insurreição camponesa em 1964, as FARC contam com cerca de sete mil combatentes, de acordo com estimativas oficiais. Já tiveram quase 20 mil.

ANG/SAPO

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