sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Gabão

Vitória de Bongo contestada na rua
Bissau, 02 Set 16 (ANG) - As principais cidades do Gabão foram palco, na noite de quarta-feira, de graves distúrbios e confrontos entre as forças de segurança e manifestantes que protestavam contra a reeleição de Ali Bongo à Presidência da República, após ser proclamado vencedor por pouca margem de votos.

Os incidentes começaram no final da tarde, depois da publicação dos resultados, onde, de acordo com o candidato derrotado, Jean Ping, morreram, pelo menos, três pessoas e o Exército invadiu a sede central de campanha da sua coligação.

O porta-voz do presidente reeleito desmentiu as denúncias da oposição, que designou de “informações falsas que só querem colocar em perigo o Estado de Direito no Gabão.”

Por sua vez, Ali Bongo pediu respeito para “o veredicto das urnas” e para as instituições do país, especialmente para a Comissão Eleitoral Nacional (Cenap), que foi muito criticada pelo injustificado atraso em publicar os resultados.

A Cenap anunciou quinta-feira a vitória do Presidente cessante Ali Bongo - com 49,8 por cento dos votos, contra 48,23 do rival Jean Ping - e pouco depois milhares de simpatizantes do candidato derrotado foram para as ruas e denunciaram o que qualificam de “manipulação da apuração.”

A polémica surgiu por causa dos resultados da província de Alto Ogooué, onde o presidente reeleito do Gabão obteve mais de 95 por cento dos votos com uma participação próxima aos 100, quando no resto do país não chegou a 60.

O Parlamento  foi quarta-feira incendiado por manifestantes que protestavam pelo anúncio oficial da reeleição do presidente Ali Bongo Ondimba, horas antes de as forças de segurança atacarem a sede de campanha da oposição em Libreville.

“Todo o prédio está em chamas. Eles entraram e atearam fogo”, disse à agência de notícias France Press um morador da capital do Gabão, Libreville, presente na Casa das Leis, que assegurou que as forças de segurança haviam retrocedido.

Jornalistas da agência France Press noticiaram que uma grande coluna de fogo emanava do palácio Leon-Mba à noite e que, pelo menos,  seis pessoas foram admitidas na policlínica Chambrier de Libreville com ferimentos a bala. E alguns feridos disseram que foram baleados pelas forças da ordem na região do Parlamento.

No final da noite, o líder da oposição, Jean Ping, disse à France Press que a sede da sua campanha em Libreville foi atacada por homens das forças de segurança.
“Foi a Guarda Republicana. Primeiro, bombardearam com helicópteros, depois por terra. 

Há 19 feridos, alguns deles muito graves", disse Jean Ping em conversa por telefone. Um porta-voz do governo confirmou o ataque que, informou, teve como objectivo “capturar  os criminosos” que incendiaram a Assembleia.

De acordo com a comissão eleitoral, o presidente cessante foi reeleito para um segundo mandato de sete anos com 49,80 por cento dos votos, contra 48,23 por cento de Jean Ping, 77 anos, antigo  dirigente do Governo de Omar Bongo, que dirigiu o país durante 41 anos.

A diferença de votos foi de 5.594 de um total de 627.805 eleitores inscritos no pequeno país produtor de petróleo de 1,8 milhão de habitantes. 

ANG/JA

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