Presidente do PAIGC justifica ausencia na comemorações do Dia da Independência
Bissau,26
Set 16(ANG) - O PAIGC, partido que lutou pela libertação da Guiné-Bissau,
esteve ausente das comemorações do Dia da Independência, reflexo da tensão
política no país.
Líder do PAIGC |
"Fomos
todos surpreendidos com uma determinação do governo" em como "mais
ninguém podia usar da palavra" além do Presidente da República, José Mário
Vaz, justificou à Lusa o presidente do Partido Africano da Independência da
Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira.
A
independência "foi proclamada pela Assembleia Nacional Popular (ANP)" e o
dirigente do PAIGC considera "em certa medida ilegal" que nem o
presidente do parlamento, nem os partidos, pudessem discursar, como habitual,
nas celebrações que este ano decorreram no largo da Câmara Municipal de Bissau.
Apesar
de questionado pelos jornalistas, o Primeiro-ministro, Bacio Djá, não comentou
o assunto.
Domingos
Simões Pereira disse à Lusa que este incidente "não ajuda" à
implementação do acordo para resolução da crise política no país.
O
PAIGC venceu as eleições gerais de 2014, mas o Presidente da República, José
Mário Vaz, demitiu dois governos e deu posse a um executivo com dissidentes e
membros de outras forças políticas.
As
divisões paralisaram o parlamento e o país entrou num beco sem saída, sem
programa de governo e sem orçamento de Estado, o que tem travado apoio
financeiro de parceiros internacionais.
Em
setembro, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO)
propôs um acordo de seis pontos para saída da crise que inclui a formação de um
governo de inclusão que vá até final da legislatura (2018) - acordo assinado
por todos e acerca do qual se espera o início das negociações.
Nas
cerimónias do dia 24, José Mário Vaz discursou sem comentar a ausência do
presidente do parlamento (segunda figura do Estado) e do PAIGC e fez novos
apelos ao diálogo, que na prática contrastam com o incidente deste sábado.
Apontou
como prioridade "a formação de um governo de unidade nacional, com
entendimento entre o PAIGC, PRS [segundo partido mais votado] e grupo dos
15", que junta dissidentes do partido vencedor em 2014.
O
acordo apadrinhado pela CEDEAO "não é um remédio santo", mas será
"um passo para o apaziguamento e estabilidade até final da presente
legislatura", acrescentou o chefe de Estado.
Apesar
da situação, José Mário Vaz destacou o que considera ser um aspeto positivo: a
atual crise trava-se ao nível jurídico e institucional, sem que haja
"senhoras viúvas" ou "crianças órfãs" por causa de mortes
ordenadas "pelo Presidente da República".
A
Guiné-Bissau celebrou os 43 anos da declaração unilateral de independência em
relação a Portugal, proclamada no primeiro encontro da Assembleia Nacional
Popular presidida por Nino Vieira.
ANG/Lusa
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