sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Angola


                   Isabel dos Santos constituída arguida pela PGR
Bissau, 24 jan 20 (ANG) - O procurador-geral da República de Angola, Hélder Pitta Grós constituiu na quarta-feira como arguida a empresária Isabel dos Santos, por "má gestão e desvio de fundos" enquanto PCA da Sonangol, depois de ter recebido a auditoria da KPMG. 
O inquérito à gestão de Isabel dos Santos como PCA da Sonangol entre junho de 2016 e novembro de 2017, foi aberto depois de o seu sucessor Carlos Saturnino, ter levantado suspeitas sobre alegadas " transferências monetárias irregulares e outros procedimentos incorrectos", ordenados pela anterior gestão da petrolífera estatal angolana.
A consultora KPMG foi contratada em fevereiro de 2018 para verificar as contas da Sonangol, depois de afastada por "conflito de interesses" a consultora PriceWaterhouseCoopers - PwC - escolhida por Isabel dos Santos, que já tinha auditado as contas da Sonangol em 2016 e é citada nos Luanda Leaks.
A PwC confirmou esta semana ter cessado os contratos com serviços e empresas controladas por Isabel dos Santos, tal como o fez o banco EuroBic, controlado por Isabel dos Santos a 42,5%.
Helder Pitta Grós tomou a decisão de constituir arguidos Isabel dos Santos e quatro outras pessoas - todos eles se encontram fora de Angola - por alegada "má gestão e desvio de fundos" esta quarta-feira (22/01) depois de ter consultado a auditoria da KPMG.
As acusações proferidas pelo Procurador Geral da República de Angola visam "crimes de peculato, falsificação de documentos, abuso de poder, participação económica em negócioq, tráfico de influências e branqueamento de capitais".
Pitta Grós refere ainda que "à partida são esses os crimes sobre os quais já temos matéria suficiente para termos em vista que de facto podem ser constituídos como arguidos".
"Neste momento a nossa preocupação é que eles sejam notificados do despacho...fazer com que eles venham voluntariamente à justiça, para poderem defender-se da melhor forma possível...se não conseguirmos que isso seja feito, então vamos recorrer a esses instrumentos legais que existem, para fazê-los vir à justiça", disse Pitta Grós.

Os outros arguidos são Sarju Raikundalia ex-administrador financeiro da Sonangol durante a gestão de Isabel dos Santos, Mário Leite da Silva antigo PCA do Banco de Fomento de Angola (cargo do qual se demitiu a 20 de janeiro) e PCA da empresa de Isabel dos Santos com sede em Lisboa Fidequity - alvo de uma providência cautelar de arresto pela justiça angolana, tal como o seu esposo Sindika Dokolo.
Mas também Paula Oliveira amiga de Isabel dos Santos e administradora da NOS e Nuno Ribeiro da Cunha, director do "private banking" do EuroBic, encontrado morto na quarta-feira (22/01) na sua residência em Lisboa, provavelmente de suicídio.
Hélder Pitta Grós esteve quinta-feira (23/01) em Lisboa onde se encontrou com a sua homóloga Lucília Gago.ANG/RFI


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