quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Venezuela


                     Guaidó assume como presidente do Parlamento
Bissau, 08 jan 20 (ANG) - O líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, foi empossado para outro mandato como presidente do Parlamento na terça-feira (7), depois de um tenso impasse com as forças armadas que inicialmente o impediram de entrar no Congresso.
Guaidó lidera a oposição ao presidente Nicolas Maduro, que é considerado culpado por uma crise econômica aguda e acusado de agir como um ditador de esquerda severo, e é reconhecido por mais de 50 países como presidente em exercício legítimo da Venezuela.
A Assembleia Nacional é o único ramo do governo venezuelano nas mãos da oposição.
Enquanto Guaidó foi impedido de entrar no prédio pela Guarda Nacional por cerca de meia hora em cenas dramáticas e caóticas, seu concorrente ao cargo no Parlamento, Luís Parra, ocupou a cadeira.
Quando Guaidó foi autorizado a entrar, ao lado de deputados aliados, Parra já havia saído. "Aqui estamos, mostrando nosso rosto", disse Guaidó, sentando-se.
Os legisladores cantaram o hino nacional, mas a eletricidade da Câmara foi cortada, fazendo com que os deputados usassem as lanternas de seus telefones celulares para fornecer luz.
Guaidó, então, levantou a mão direita e prestou juramento por mais um mandato como líder da assembleia.
Antes, dezenas de soldados da Guarda Nacional, usando capacete e carregando escudos antimotim, impediram Guaidó de entrar no prédio.
"Aqui não é um quartel”, Guaidó gritou com as tropas, que haviam estabelecido um posto de controle na entrada do prédio antes da chegada do líder da oposição. Alguns de seus aliados e membros da imprensa também foram impedidos de entrar.
A oposição disse no Twitter que quatro parlamentares foram feridos por "servos do regime".
O sindicato dos trabalhadores da imprensa escreveu no Twitter que dois jornalistas foram atacados e tiveram seus equipamentos roubados  por milícias armadas ligadas ao governo.


Dentro do Parlamento, Parra, um parlamentar da oposição acusado de corrupção, já estava instalado no assento que Guaidó ocupou no último ano.
Parra causou uma tempestade no domingo (5), quando se declarou presidente do Parlamento depois que as forças armadas impediram Guaidó de entrar no prédio. Parra foi empossado por seus apoiadores.
A Venezuela, atingida por uma grave crise, está em turbulência política desde janeiro do ano passado, quando Guaidó usou sua posição na Assembleia para se declarar presidente interino em um desafio direto à autoridade de Maduro.
Ele declarou no domingo que foi reeleito para o cargo depois de realizar uma sessão legislativa ao lado de deputados leais nos escritórios de um jornal de oposição.
Os Estados Unidos alertaram nesta terça-feira que punirão a Venezuela se a crise política aumentar e Guaidó for preso. Os EUA já impuseram diversas sanções contra a Venezuela, numa tentativa de sufocar sua receita advinda do petróleo, tão necessária, e forçar a retirada de Maduro.
"Acho que você verá ainda mais ações além do que lançamos até o momento", disse Carrie Filipetti, vice-secretária adjunta de Cuba e Venezuela.

No prédio do parlamento, Parra estava sentada no assento do orador, enquanto homens corpulentos pareciam vigiar os degraus que levavam ao pódio.
Parra foi expulso de seu partido de oposição no mês passado, depois que um site de notícias o acusou de corrupção ligada ao excesso de preços de alimentos importados para o governo Maduro.
Mas ele continua sendo deputado e Maduro reconheceu a eleição de Parra em um discurso na televisão no domingo.
A medida foi denunciada por muitos países, incluindo os Estados Unidos e até os aliados de esquerda de Maduro, Argentina e Uruguai.


Guaidó prometeu na segunda-feira realizar a sessão parlamentar desta terça-feira e classificou Parra "um cúmplice da ditadura".
Parra disse que Guaidó teria o direito de participar de sua sessão, mas apenas como "outro deputado".
Ambos afirmaram no domingo que tinham o apoio de deputados suficientes para serem eleitos presidente da legislatura. Antes da votação de domingo, Guaidó disse que o governo Maduro havia subornado alguns deputados da oposição para votar contra ele.
O apoio de Parra vem principalmente de deputados leais a Maduro, enquanto a oposição detém 112 dos 167 assentos na Assembleia. Guaidó disse que 100 deputados votaram nele e Parra reivindicou o apoio de 81 parlamentares.
O deputado da oposição Henry Ramos Allup, ex-presidente do Parlamento, disse que será realizada uma verificação das atas para ver "quantos votaram neles e em nós". "Para aqueles que compraram votos, tenha em mente os riscos", disse Ramos Allup.
Embora Guaidó seja reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, a verdadeira autoridade presidencial cabe a Maduro, que mantém o apoio das forças armadas.
Além de dois reclamantes da presidência e do presidente do parlamento, a Venezuela tem dois parlamentos.
A Assembleia Nacional tem sido efetivamente marginalizada desde 2017, quando a Suprema Corte, composta por partidários de Maduro, a vê com desprezo. Desde então, o tribunal anulou todas as suas decisões.
Maduro, então, controvertidamente criou uma Assembleia Constituinte - composta exclusivamente por partidários - com poder de legislar em seu lugar. ANG/RFI/AFP



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