Bissau,21 Jan 20(ANG) - Umaro Sissoco Embaló
minimizou a decisão do Supremo Tribunal de Justiça de ordenar o
"apuramento nacional" dos resultados das presidenciais, já depois de
terem sido validados pela Comissão Nacional de Eleições.
"Estou
muito descansado, porque a interpretação jurídica" é "como a
matemática" e "a única entidade competente para publicar o resultado
é a Comissão Nacional de Eleições" (CNE), disse o vencedor das eleições,
segundo os resultados definitivos divulgados por aquele órgão.
"A
Guiné-Bissau já tem um Presidente eleito, que é o Umaro Sissoco Embaló, general
do povo", disse, em entrevista à agência Lusa, em Lisboa, onde esteve nos
últimos dias eque foi recebido, a título privado, pelo Presidente e pelo
primeiro-ministro portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa.
Na
sexta-feira (17.01), a CNE publicou os resultados definitivos das eleições
presidenciais, confirmando a vitória na segunda volta de Sissoco Embaló. Mais
tarde, o STJ divulgou uma aclaração do acórdão anterior, a pedido de Domingos Simões Pereira, derrotado
nas eleições de dezembro, exigindo àquele órgão que cumpra a lei eleitoral,
procedendo-se às "operações do apuramento nacional".
Para o
Partido Africano da Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC), que
apoiou o candidato derrotado na segunda volta, o acórdão obriga a uma
recontagem dos votos e não apenas à verificação das atas e exigiu à CNE o
cumprimento dessa decisão.
Essa
decisão é "uma questão júnior, meramente júnior, porque já estou
preocupado com uma política que impacte a população guineense", disse
Sissoco Embaló, assumindo-se como vencedor legítimo e de facto das eleições,
tendo já agendada a tomada de posse para 19 de fevereiro.
Para
Sissoco Embaló, a política é "um jogo de risco" e Domingos Simões
Pereira perdeu. Durante a campanha, Sissoco Embaló disse que "não teria
nenhum problema em nomear Domingos Simões Pereira como primeiro-ministro no
caso de o PAIGC manter a maioria".
Mas,
hoje, "estou a reconsiderar" porque "gosto de ter pessoas
honestas e sérias" e Domingos Simões Pereira tem tido um
"comportamento infantil", armando-se em "chico esperto" ao
não reconhecer os resultados eleitorais de 29 de dezembro, disse.
Na
segunda volta, Sissoco Embaló ficou convencido de que iria ganhar, depois de
ter recolhido apoios dos principais candidatos derrotados na primeira
volta.
"Eu
vim da sociedade castrense e sou oficial da inteligência militar, pelo que sei
quais são as alianças que eu podia fazer para ganhar", explicou.
"Quando
obtive aquelas alianças com o Nuno Nabian, José Mário Vaz e Carlos Gomes Júnior
[terceiro, quarto e quintos classificados], disse ao meu assessor para fazer as
contas: 'olha vamos ganhar as eleições'", disse.
Na
campanha, "Domingos Simões Pereira tinha toda a máquina do tesouro
público", numa referência ao facto de o PAIGC ser o partido com maioria
parlamentar e que tem o primeiro-ministro.
"Mas
não tenho culpa de ser carismático e de ser o candidato em quem os pobres
confiam mais", resumiu Sissoco Embaló, prometendo que a Guiné-Bissau
"não será nunca mais a República das bananas".
ANG/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário