Hacker português Rui
Pinto assume responsabilidade de denunciante
Bissau, 28 jan
20 (ANG) - O hacker informático português Rui Pinto assumiu segunda-feira, ser
o denunciante do “Luanda Leaks”, os 715 mil documentos que comprometem Isabel
dos Santos, filha do ex-chefe de Estado de Angola, e o seu marido, Sindika
Dokolo.
O hacker português que esteve na origem do
escândalo do Futebol Leaks, a maior fuga de documentos da história do futebol
europeu, assumiu segunda-feira estar por trás dos “Luanda Leaks”.
Rui
Pinto reivindica a fuga de 715 mil documentos que expõe os esquemas financeiros
da milionária angolana, Isabel dos Santos, e do seu marido Sindika Dokolo.
Em entrevista à RFI, Sindika Dokolo já
tinha acusado o português Rui Pinto de estar na origem da fuga. “O braço armado deste «complot» é Rui Pinto”,
afirmou.
Segundo os advogados Francisco Teixeira da
Mota e William Bourdon, o hacker assume ter transmitido, no final de 2018, um
disco externo com toda a informação sobre os negócios fraudulentos de Isabel
dos Santos à Plataforma de Proteção de Denunciantes na África (PPLAAF).
Rui Pinto "quis ajudar a entender operações complexas
conduzidas com a cumplicidade de bancos e juristas que não só empobrecem o povo
e o Estado de Angola, mas podem ter prejudicado seriamente os interesses de
Portugal", explicam.
Os advogados de Rui Pinto mostram-se,
porém, receosos de que o caso "Luanda Leaks" seja utilizado para
aumentar a penalização sobre o hacker, que está em prisão preventiva desde
março de 2019 e prestes a ser julgado no caso "Footbal Leaks".
O `hacker` português está a ser julgado
por Portugal por acesso ilegal a documentos, mas a justiça portuguesa já
aceitou colaborar com a sua homóloga angolana, que utiliza documentação
recolhida por Rui Pinto para acusar a empresária Isabel dos Santos de má gestão
de dinheiros públicos.
Em declarações à agência de notícias Lusa, a
ex-eurodeputada Ana Gomes criticou os "dois pesos e duas medidas" da
justiça portuguesa em relação a Rui Pinto, a fonte dos documentos que levaram
ao Luanda Leaks, exigindo que o `hacker` tenha estatuto de denunciante.
A empresária angolana Isabel dos Santos foi constituida arguida pela
Procuradoria-geral da República de Angola na quarta-feira, por "má gestão e
desvio de fundos" enquanto PCA da Sonangol.
O inquérito à gestão de Isabel dos Santos como PCA da Sonangol entre
junho de 2016 e novembro de 2017, foi aberto depois de o seu sucessor Carlos Saturnino, ter levantado
suspeitas sobre alegadas " transferências
monetárias irregulares e outros procedimentos incorrectos",
ordenados pela anterior gestão da petrolífera estatal angolana.
A consultora KPMG foi contratada em fevereiro de 2018 para verificar as
contas da Sonangol, depois de afastada por "conflito de interesses" a
consultora PriceWaterhouseCoopers -
PwC - escolhida por Isabel dos Santos, que já tinha auditado as contas da
Sonangol em 2016 e é citada nos Luanda Leaks.
Os outros arguidos são Sarju Raikundalia ex-administrador
financeiro da Sonangol durante a gestão de Isabel dos Santos, Mário Leite da Silva antigo PCA
do Banco de Fomento de Angola (cargo do qual se demitiu a 20 de janeiro) e PCA
da empresa de Isabel dos Santos com sede em Lisboa Fidequity - alvo de uma
providência cautelar de arresto pela justiça angolana, tal como o seu esposo
Sindika Dokolo.
Mas também Paula Oliveira amiga de Isabel dos Santos e administradora da
NOS e Nuno Ribeiro da Cunha,
director do "private banking" do EuroBic, encontrado morto
na quarta-feira (22/01) na sua residência em Lisboa,
provavelmente de suicídio.
ANG/RFI
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