terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Luanda Leaks


    Hacker português Rui Pinto assume responsabilidade de denunciante
Bissau, 28 jan 20 (ANG) - O hacker informático português Rui Pinto assumiu segunda-feira, ser o denunciante do “Luanda Leaks”, os 715 mil documentos que comprometem Isabel dos Santos, filha do ex-chefe de Estado de Angola, e o seu marido, Sindika Dokolo.
O hacker português que esteve na origem do escândalo do Futebol Leaks, a maior fuga de documentos da história do futebol europeu, assumiu segunda-feira estar por trás dos “Luanda Leaks”.
 Rui Pinto reivindica a fuga de 715 mil documentos que expõe os esquemas financeiros da milionária angolana, Isabel dos Santos, e do seu marido Sindika Dokolo.
Em entrevista à RFI, Sindika Dokolo já tinha acusado o português Rui Pinto de estar na origem da fuga. O braço armado deste «complot» é Rui Pinto, afirmou.
Segundo os advogados Francisco Teixeira da Mota e William Bourdon, o hacker assume ter transmitido, no final de 2018, um disco externo com toda a informação sobre os negócios fraudulentos de Isabel dos Santos à Plataforma de Proteção de Denunciantes na África (PPLAAF).
Rui Pinto "quis ajudar a entender operações complexas conduzidas com a cumplicidade de bancos e juristas que não só empobrecem o povo e o Estado de Angola, mas podem ter prejudicado seriamente os interesses de Portugal", explicam.
Os advogados de Rui Pinto mostram-se, porém, receosos de que o caso "Luanda Leaks" seja utilizado para aumentar a penalização sobre o hacker, que está em prisão preventiva desde março de 2019 e prestes a ser julgado no caso "Footbal Leaks".
O `hacker` português está a ser julgado por Portugal por acesso ilegal a documentos, mas a justiça portuguesa já aceitou colaborar com a sua homóloga angolana, que utiliza documentação recolhida por Rui Pinto para acusar a empresária Isabel dos Santos de má gestão de dinheiros públicos.
Em declarações à agência de notícias Lusa, a ex-eurodeputada Ana Gomes criticou os "dois pesos e duas medidas" da justiça portuguesa em relação a Rui Pinto, a fonte dos documentos que levaram ao Luanda Leaks, exigindo que o `hacker` tenha estatuto de denunciante.
A empresária angolana Isabel dos Santos foi constituida arguida pela Procuradoria-geral da República de Angola na quarta-feira, por "má gestão e desvio de fundos" enquanto PCA da Sonangol. 
O inquérito à gestão de Isabel dos Santos como PCA da Sonangol entre junho de 2016 e novembro de 2017, foi aberto depois de o seu sucessor Carlos Saturnino, ter levantado suspeitas sobre alegadas " transferências monetárias irregulares e outros procedimentos incorrectos", ordenados pela anterior gestão da petrolífera estatal angolana.
A consultora KPMG foi contratada em fevereiro de 2018 para verificar as contas da Sonangol, depois de afastada por "conflito de interesses" a consultora PriceWaterhouseCoopers - PwC - escolhida por Isabel dos Santos, que já tinha auditado as contas da Sonangol em 2016 e é citada nos Luanda Leaks.
Os outros arguidos são Sarju Raikundalia ex-administrador financeiro da Sonangol durante a gestão de Isabel dos Santos, Mário Leite da Silva antigo PCA do Banco de Fomento de Angola (cargo do qual se demitiu a 20 de janeiro) e PCA da empresa de Isabel dos Santos com sede em Lisboa Fidequity - alvo de uma providência cautelar de arresto pela justiça angolana, tal como o seu esposo Sindika Dokolo.
Mas também Paula Oliveira amiga de Isabel dos Santos e administradora da NOS e Nuno Ribeiro da Cunha, director do "private banking" do EuroBic, encontrado morto na quarta-feira (22/01) na sua residência em Lisboa, provavelmente de suicídio. ANG/RFI

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