Macron denuncia sentimento antifrancês no Sahel
Bissau, 14 jan 20 (ANG)- O presidente
francês, Emmanuel Macron, denunciou nesta segunda-feira (13) os "discursos
sem dignidade" que alimentam as críticas contra a França no Sahel, que
beneficiam "potências estrangeiras."
As declarações foram dadas após a cúpula
com os dirigentes dos países do chamado G5 Sahel (Mauritânia, Mali, Burkina
Faso, Níger e Chade), em Pau, no sudoeste da França.
O chefe de Estado francês reiterou que as
forças francesas estão presentes no Sahel para assegurar "a segurança e a
estabilidade", e "não por outros interesses." De acordo com
Macron, o discurso antifrancês ajuda grupos terroristas e potências
estrangeiras que "querem simplesmente afastar os europeus" .
"Ouço muita gente que diz muita coisa
sem fundamento. Pergunte a essas pessoas por quem eles são pagos, e quais são
seus interesses. Tenho minha opinião", disse o presidente francês a um jornalista malinense que citou dúvidas de uma parte da população sobre
os motivos da presença militar francesa na região e a determinação no combate
aos jihadistas.
Sobre o anúncio do presidente americano
Donald Trump, que disse ter a intenção de retirar as tropas americanas da
região, Macron disse que se tratava de uma "notícia ruim" e prometeu
tentar convencê-lo de voltar atrás. "A luta contra o terrorismo também se
faz nessa área", defendeu.
Depois do encontro, os líderes africanos
divulgaram uma declaração comum "expressando o desejo de que a França
mantenha seu compromisso militar no Sahel." No documento, ratificado pela
França, os chefes de Estado dos cinco países também anunciaram a formação de
uma "coalizão do Sahel", que vai atuar contra a ameaça jihadista.
No texto, os líderes africanos também
pedem um reforço da presença internacional, e exprimem "seu reconhecimento
ao apoio crucial dos Estados Unidos". Os representantes também decidiram
adotar uma nova linha "política, estratégica e operacional que marcará uma
nova etapa na luta contra os grupos terroristas no Sahel".
Nesse contexto, a França anunciou o envio
de mais 220 soldados à região para reforçar o contingente de 4.500 militares da
operação Barkhane. Desde 2013, 41 soldados franceses morreram na região.
A suspeita é de que a Rússia esteja por
trás da propagação de uma imagem negativa da França junto à população. Na
entrevista, o presidente francês fala de "mercenários" que teriam
propagado os rumores, o que seria uma alusão ao grupo paramilitar russo Wagner,
uma empresa privada que age em áreas de conflito.
Moscou desmente qualquer ligação com o
grupo, que fornece serviços de manutenção de equipamentos militares, entre
outras atividades. Eles já teriam atuado na Líbia, no norte do Moçambique, no
Sudão e Madagascar. ANG/RFI
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