Dois sobreviventes discursam na ONU em memória das
vítimas
Bissau, 28 jan 20(ANG) - A Assembleia Geral
abrigou na segunda-feira uma cerimónia sobre o Dia Internacional em Memória das
Vítimas do Holocausto(sacrifício em que se queimavam inteiramente as vítimas
entre os Judeus).
O evento marca os 75 anos da libertação do campo de concentração
de Auschwitz-Birkenau, mantido pelo regime nazista.
No Holocausto foram assassinados 6 milhões de judeus,
representantes de outras minorias e dissidentes políticos.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou para uma
“crise global de ódio antissemita”. Segundo ele, existe um “fluxo constante de
ataques contra judeus, suas instituições e propriedades.”
O evento começou com uma Kadish, uma prece da tradição judaica,
lida pelo rabino Arthur Schneier, da Sinagoga Park East, em Nova Iorque.
No evento, discursaram também dois sobreviventes do Holocausto,
Irene Shashar e Shraga Milstein.
Irene Shashar, da Polônia, lembrou a sua história e disse que
estava presente “para dizer que Hitler não ganhou.” Shraga Milstein deixou uma
mensagem para quem não acredita que o genocídio aconteceu, contando como perdeu
o seu pai, a sua mãe e outros membros da sua família.
No seu discurso, Guterres afirmou que “a
solidariedade face ao ódio é hoje mais necessária do que nunca”, porque existe
“um ressurgimento preocupante dos ataques antissemitas em todo o mundo,
incluindo em Nova Iorque.”
Apenas a 38km da sede da ONU, em
janeiro, um ataque com faca durante uma festa de Hannukah na casa de um rabino
deixou cinco pessoas feridas.. Semanas antes, quatro pessoas tinham sido
assassinadas num mercado kosher em Nova Jersey.
Em 2019, Nova Iorque teve um aumento de
21% neste tipo de ataques, uma tendência que se repete em outras cidades dos
Estados Unidos.
Guterres disse que a situação para os
judeus na Europa não é melhor. Na França, os ataques aumentaram 74% em 2018. No
Reino Unido, subiram 16%, atingindo um nível máximo.
Lembrando os crimes do Holocausto, o
secretário-geral afirmou que “a lição mais importante do Holocausto é que não
foi uma aberração cometida num momento específico da história por umas poucas
pessoas indescritivelmente doentes.”
Segundo António Guterres, “foi o
culminar de milênios de ódio, desde o império romano aos pogroms da Idade
Média.” Ele disse que seu próprio país, Portugal, cometeu “um ato de total
crueldade e estupidez expulsando a sua população judia no século 15.”
O secretário-geral afirmou que "os
esforços de prevenção também devem combater a corrupção da linguagem.”
Eufemismos e linguagem codificada não podem ser permitidas para esconder
intolerância e crimes. Segundo António Guterres, “o Holocausto começou com
palavras."
Ja presidente da Assembleia Geral, Tijjani Muhammad-Bande, disse que “as
suas lembranças energizam a consciência coletiva por uma comunidade global mais
inclusiva, pacífica e harmoniosa unida na sua diversidade.”
Bande disseque “todos devem fazer mais”
para garantir que “o multilateralismo continua sendo um instrumento para
resolver conflitos e evitar atos que podem levar à desumanização de outros e
crimes hediondos como o holocausto.”
O presidente da Assembleia Geral contou
que “sondagens recentes mostram que o conhecimento sobre o Holocausto está
desaparecendo com cada geração.” Segundo uma sondagem recente, 66% dos jovens
considerados millenials dos Estados Unidos não sabem o que é
Auschwitz. Um em cada 20 europeus nunca ouvi falar sobre o Holocausto.
Bande disse que “é preciso garantir que
as atrocidades do Holocausto não se repitam.” Segundo ele, “a responsabilidade
de educar os jovens sobre estes crimes hediondos” é de todo o mundo. ANG/ONU NEWS
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