Brasil/Bolsonaro recusa ser intimidado pela justiça
eleitoral
Bissau, 04 Ago 21 (ANG) - O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, declarou terça-feira que não se sente intimidado com a decisão da justiça eleitoral de investigar os seus ataques ao voto electrónico e incentivou novos protestos.
"Não aceitarei
intimidações. Vou continuar exercendo meu direito de cidadão, de liberdade de
expressão, de crítica, de ouvir, e atender, acima de tudo, a vontade
popular", declarou o Presidente brasileiro, num discurso perante
apoiantes.
Bolsonaro concentrou
sua nova ofensiva na pessoa do juiz Luís Roberto Barroso, presidente do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que na segunda-feira, anunciou, com o aval
de toda a justiça eleitoral, iniciar um processo administrativo para apurar as
dúvidas que o Presidente tem semeado no sistema de votação para as eleições do
próximo ano.
"Barroso presta
um péssimo serviço à nação" e "pretende impor a sua vontade",
declarou o chefe de Estado brasileiro ao comentar a posição do presidente do
TSE, que também é membro do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Se o ministro
(juiz) Barroso continuar sendo insensível como parece que está a ser
insensível, quer um processo contra mim, se o povo assim o desejar, porque eu
devo lealdade ao povo brasileiro, uma concentração na (avenida) Paulista para
darmos um último recado para aqueles que ousam açoitar a democracia",
declarou Bolsonaro.
"Repito, o
último recado, para que eles entendam o que está acontecendo e passem a ouvir o
povo, passem a entender que o Brasil tem 8,5 milhões de milhões de quilómetros
quadrados e não apenas um pedacinho dentro do Distrito Federal", onde se
situa Brasília, acrescentou incentivando protestos contra o TSE.
A raiz do conflito
está nas reiteradas críticas feitas pelo Bolsonaro às urnas electrónicas que o
país adoptou em 1996 e que, segundo a grande maioria dos partidos políticos e a
própria justiça eleitoral, acabaram com a fraude nas eleições.
Bolsonaro tem
sustentado que esse sistema favorece as fraudes que, segundo ele, ocorreram nas
últimas eleições, inclusive aquelas que o levaram ao poder em 2018.
O Presidente
brasileiro defende uma emenda constitucional, em tramitação no Congresso, na
qual propõe que, para as eleições de 2022, seja incorporada a velha cédula,
paralelamente à votação electrónica, que considera a única "realmente
auditável".
Ainda assim, onze
partidos com representação parlamentar, incluindo vários da própria base do
Governo, têm-se levantado em defesa do sistema eletrónico, apoiados pelo facto
de, desde a sua adopção, não ter sido verificada nenhuma fraude.
Diante da decisão da
justiça eleitoral de investigar sua conduta, Bolsonaro avisou que continuará
"a exercer os direitos de cidadania, a liberdade de expressão e crítica,
ouvindo, sobretudo, a vontade popular" que, segundo ele, deseja votar com
cédulas.
"Jurei dar a
minha vida pelo país", acrescentou, levantando o tom perante um pequeno
grupo de seguidores.
A pressão de
Bolsonaro pelo voto impresso aumentou à medida que sua popularidade caiu nas
sondagens eleitorais, que classificam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, seu maior adversário, como favorito para 2022.ANG/Angop
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