Brasil/Oposição critica discursos de Bolsonaro e volta a defender sua destituição
Bissau, 08 Set 21(ANG) – Políticos que fazem oposição ao Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, criticaram-no duramente pelas ameaças que lançou ao poder judiciário do país na terça-feira e voltaram a defender a destituição do mandatário.
Entre
eles está o governador de São Paulo e rival político de Bolsonaro, João Doria,
que, pela primeira vez, se manifestou publicamente a favor do ‘impeachment’ do
chefe de Estado.
“A
minha posição é pelo ‘impeachment’ do Presidente Jair Bolsonaro. Depois do que
ouvi hoje, ele claramente afronta a Constituição”, afirmou Doria no Centro de
Operações da Polícia Militar (Copom), onde acompanhou as manifestações
agendadas para o 07 de Setembro, Dia da Independência do Brasil.
“Até
hoje nunca havia feito nenhuma manifestação pró-impeachment, mantive-me na
neutralidade, entendendo que até aqui os factos deveriam ser avaliados e
julgados pelo Congresso, mas depois do que assisti e ouvi hoje, em Brasília,
sem sequer estar ouvindo, ele, Bolsonaro, claramente afronta a Constituição,
ele desafia a democracia e empareda o Supremo Tribuanl Federal”, acrescentou,
citado pela imprensa, João Doria, que pretende concorrer às presidenciais de
2022.
Também
Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul e que partilha com Doria o mesmo
partido político – Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB)- defendeu a
saída de Bolsonaro do poder na rede social Twitter.
“Inflação,
desemprego, apagão de energia, desmatamento da Amazónia, pandemia… Esses
deveriam ser os inimigos do Presidente do Brasil, e não outros brasileiros. Mas
Bolsonaro se engana: nossas cores e nosso país não têm dono. Iremos defender os
brasileiros e a democracia que ele ataca. Foi um erro colocar Bolsonaro no
poder. Está cada vez mais claro que é um erro mantê-lo lá”, escreveu.
Bolsonaro
causou indignação na terça-feira ao desafiar a justiça brasileira, ao afirmar
que “não mais cumprirá” decisões do juiz do Supremo Tribunal Federal (STF)
Alexandre de Moraes e ao acrescentar que “nunca será preso”.
O
chefe de Estado brasileiro ameaçou ainda outros juízes brasileiros, em dois
discursos que fez para milhares de apoiantes nas cidades de Brasília e São
Paulo, e frisou que aquela manifestação popular representa um ultimato aos três
poderes.
“Essas
ameaças de tom golpista tentam demonstrar força, mas, ao contrário, só revelam
a fraqueza e o desequilíbrio de quem as faz. Mostram desprezo às leis e à
Constituição. Tentam provocar o caos para tirar o foco dos reais problemas do
país e da total incapacidade de resolvê-los”, disse o governador do Ceará,
Camilo Santana.
“A
última vez que um Presidente da República resolveu ‘enquadrar’ e colocar nos
‘eixos’ juízes do Supremo foi em 16 de Janeiro de 1969, sob a ditadura”,
avaliou, por sua vez, o governador do Maranhão, Flávio Dino.
Já a
ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que concorreu à Presidência do
Brasil em 2018, ao lado de Bolsonaro, declarou que o actual mandatário “sempre
demonstrou não ter limites, mas Brasil o limitará, sem dúvida”.
“Não
vamos abrir mão da democracia por causa de um delírio ditatorial. Não adianta
recorrer a uma suposta coragem para desafiar as instituições. Ele não passa de
um autoritário irresponsável. Chega!”, acrescentou, no Twitter.
Também
a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, se
posicionou sobre as manifestações mobilizadas por Bolsonaro, argumentando que
“demonstram o pavor” do chefe de Estado em relação aos vários inquéritos de que
é alvo no Supremo.
Jair
Bolsonaro é actualmente alvo de quatro inquéritos no STF e um na Justiça
Eleitoral pelos seus ataques ao sistema eleitoral, por divulgar um documento
sigiloso, por defender a difusão de mensagens antidemocráticas, por uma suposta
ingerência na Polícia Federal e por alegada prevaricação na compra de vacinas
contra a covid-19. ANG/Inforpress/Lusa
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