Dependência de gás
russo complica aplicação de sanções contra Moscovo
Bissau, 21 Mar 14 (ANG) - Em um clima de tensão cada vez maior, líderes
europeus se reúnem nesta quinta (20) e sexta-feira (21), em Bruxelas, para
discutir uma resposta à anexação da Crimeia pela Rússia. O bloco europeu
gostaria de impor uma sanção forte a Moscovo, mas esbarra na dependência do gás
russo.
Durante o encontro em Bruxelas, o bloco europeu deve aprovar uma resposta
“crível” à anexação da Crimeia pela Rússia e aplicar novas sanções contra
Moscovo. Outro objectivo do encontro é o de tentar encontrar alternativas para
a dependência do gás russo.
Um terço do gás consumido na Europa vem da Rússia e grande parte passa pela
Ucrânia. Por esse motivo, está na agenda dos líderes europeus a discussão sobre
como diminuir a dependência em relação à gigante Gazprom. Todos os meses, a
Europa deposita cerca de 3,5 bilhões de euros (R$ 11,3 biliões) na conta da
empresa russa. Como neste ano o Inverno foi mais ameno e o período de
temperaturas mais frias já está no fim, a necessidade de gás é menor, o que
facilitaria a negociação.
A procura por alternativas ao sector energético russo será uma resposta
directa à integração da península da Crimeia na Rússia. Vale lembrar que a União
Europeia é o principal parceiro da Rússia em termos económico, de investimento
e de comércio. As trocas comerciais entre os dois lados movimentam cerca de 335
biliões de euros (R$ 1 triliões) por ano.
Logo após o resultado do referendo, no último domingo, a União Europeia
afirmou que não reconhece nem nunca reconhecerá a anexação da Crimeia à Rússia.
A pressão de Bruxelas deve certamente aumentar depois que o presidente russo,
Vladimir Putin, formalizou a integração da península à Federação Russa.
É provável que os dirigentes europeus concordem em impor novas sanções, que
devem incluir a imposição de restrições comerciais e financeiras, além de
aumentar a lista de políticos russos e ucranianos pró-Rússia que serão
submetidos à restrições de vistos e terão os bens congelados. Os líderes do
bloco devem ainda suspender a reunião de Cúpula UE-Rússia, marcada para Junho,
em Sotchi.
França e Alemanha são a favor das sanções, mas a Grã-Bretanha parece estar
mais reticente. Quanto mais distante geograficamente um país do bloco se
encontra do epicentro da crise menos interesse ele tem em impôr sanções à
Rússia. Os países que fazem fronteira com a Ucrânia, como é o caso da Polónia,
Hungria e Roménia, além das ex-repúblicas soviéticas que viveram décadas sob o
poder do Kremlin, estão bastante preocupados com a rápida escalada da crise.
Vale lembrar que a posição da Alemanha é crucial. Não só porque é o maior e
mais influente país do bloco, mas, também, porque existe um intenso comércio
bilateral com a Rússia, além de sua chanceler, Ângela Merkel, ter um canal
directo com Putin.
RFl
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