Covid-19/ CPLP é que vai decidir sobre
prolongamento da presidência rotativa – diplomacia angolana
Bissau,
20 mai 20 (ANG) – A decisão sobre o possível prolongamento da presidência
rotativa da CPLP por Cabo Verde, só vai ser tomada após a reunião de
embaixadores agendada para 28 de Maio em Lisboa, disse à Lusa fonte da
diplomacia angolana.
“Mesmo
que haja uma proposta de Angola e que Cabo Verde concorde, as decisões são
tomadas pelos Estados-membros” que integram a Comunidade de Países de Língua
Portuguesa (CPLP), disse o porta-voz do ministério angolano das Relações
Exteriores (MIREX), Estevão Alberto.
“É uma
decisão conjunta, no multilateralismo é assim que funciona”, acrescentou.
Em
causa está o possível prolongamento da presidência da CPLP por Cabo Verde para
2021, devido aos constrangimentos provocados pela pandemia de covid-19, após
proposta de Angola, país que deveria assumir a liderança da organização
lusófona em Julho.
“Por
causa dos efeitos da covid-19, Angola propôs que Cabo Verde se mantivesse na
presidência da Comunidade de Países de Língua Portuguesa [CPLP] até 2021”,
disse anunciou hoje à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano,
Luís Filipe Tavares.
“Angola
não preside actualmente à CPLP. Portanto, cabe à presidência da organização
[Cabo Verde] consultar os Estados-Membros”, sublinhou Estêvão Alberto.
O
porta-voz do MIREX adiantou que está agendada para 28 de Maio uma reunião ao
nível de embaixadores (Comité de Concertação Permanente), em Lisboa, onde a
questão será debatida.
“Os
resultados dessa reunião serão submetidos à consideração das instâncias
superiores de todos os Estados-membros para a decisão”, indicou, precisando que
“têm havido consultas político-diplomáticas a vários níveis” sobre esta
matéria.
Numa
entrevista à Televisão de Cabo Verde (TCV), Luís Filipe Tavares disse que o
Conselho de Ministros Extraordinário (reunião dos chefes da diplomacia dos
países lusófonos) deverá acontecer ainda este ano, em Cabo Verde, para debater
a proposta de mobilidade, “se a situação da pandemia o permitir”.
“Em
relação à cimeira, recebemos há poucos dias de Angola uma solicitação em como
gostariam que Cabo Verde continuasse a assumir a presidência da CPLP até 2021
porque Angola diz que neste momento não tem condições, tendo em conta a
pandemia e a evolução dos próximos meses em relação a esta doença”, disse
Tavares.
Em
Janeiro, o secretário-executivo da CPLP, Francisco Ribeiro Telles, disse à Lusa
que a cimeira de chefes de Estado e de Governo dos Estados-membros da
comunidade ficou marcada para Setembro.
Inicialmente
prevista, como habitualmente, para Julho – mês em que a organização lusófona
celebra o aniversário -, a cimeira de chefes de Estado e de Governo acabou por
ser marcada para “02 e 03 de Setembro”, de acordo com “uma proposta de Angola
nesse sentido”, disse então o embaixador português.
A
cimeira de Luanda vai marcar o fim do mandato da presidência cabo-verdiana da
CPLP e o início da presidência angolana.
Na
altura, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, disse que
não via constrangimentos no adiamento da cimeira de chefes de Estado e de
Governo da CPLP para Setembro, garantindo que o país faria “com prazer” mais
dois meses de presidência da organização.
“O
importante é que nessa cimeira, pensamos que estão criadas as condições para
celebrarmos um grande momento, que é mobilidade a nível da CPLP”, afirmou o
chefe do Governo de Cabo Verde.
No
entanto, em Abril, já com a pandemia de covid-19 declarada, o
secretário-executivo admitiu que “dificilmente” existirão condições para a
realização, em Setembro, da cimeira.
Hoje, o
ministro dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano confirmou que Angola informou
que “não tem condições” para realizar a cimeira nos dias 02 e 03 de Setembro.
“Mas
Cabo Verde já lhes respondeu que está disponível para continuar na presidência
da CPLP até Julho de 2021”, afirmou Luís Filipe Tavares, garantindo que, até
lá, haverá “tempo suficiente” para verem a questão da mobilidade, cuja proposta
de Cabo Verde já foi consensualizada entre os nove Estados-membros e será
ratificada na cimeira de Luanda.
Os
Estados-membros da organização são Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Entre
os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné-Bissau
lidera em número de infecções (1.032 casos e quatro mortos), seguindo-se a
Guiné Equatorial (522 casos e seis mortos), Cabo Verde (328 casos e três
mortes), São Tomé e Príncipe (246 casos e sete mortos), Moçambique (145 casos)
e Angola (48 infectados e dois mortos).
A nível
global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19
já provocou mais de 315.000 mortos e infectou mais de 4,7 milhões de pessoas em
196 países e territórios.
Mais de
1,7 milhões de doentes foram considerados curados.
A
doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em
Wuhan, uma cidade do centro da China. ANG/Inforpress/Lusa
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