Efeméride/”África deve deixar
de esperar pela salvação vinda de outros”, afirma União Africana
Bissau,26
Mai. 20(ANG) - O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat,
defendeu segunda-feira a "imperiosa necessidade" de África quebrar a
dependência do exterior, adiantando que a pandemia de covid-19 veio recordar de
"forma ensurdecedora" essa urgência.
"A
grande questão que esta pandemia da covid-19 nos recorda, com uma voz
ensurdecedora, é a necessidade imperiosa de quebrar esta dependência do mundo
exterior através do duplo imperativo de vivermos dos nossos recursos e de nos
orientarmos rumo à industrialização", disse Moussa Faki Mahamat.
Para o
presidente da Comissão da União Africana, num mundo em que o multilateralismo
está a ser “gravemente posto à prova”, África “deve deixar de esperar pela
salvação vinda de outros".
"África
não pode continuar a dar-se por satisfeita com este papel de reserva eterna
para uns, de lixeira para outros", acrescentou.
Numa
mensagem, a propósito do Dia de África, que segunda-feira se assinala, Moussa
Faki Mahamat elogiou a resposta africana à pandemia de covid-19, onde o número
de mortos atingiu hoje os 3.348 em mais de 111 mil casos de infeção em 54
países.
"África,
para grande surpresa daqueles que sempre a consideraram pouco, mobilizou-se nas
primeiras horas da pandemia. Foi desenvolvida e imediatamente implementada uma
estratégia de resposta continental", apontou.
Defendeu,
no entanto, que esta mobilização não pode limitar-se à conjuntura atual, antes
deve servir para preparar o continente para o pós-pandemia.
"África
é instada a traçar o seu próprio rumo. A sua dependência e insegurança
alimentar são inaceitáveis e intoleráveis, tal como o estado das suas
infraestruturas rodoviárias, portuárias, de saúde e de ensino", disse.
Para o
presidente da comissão da UA, África têm "os recursos necessários para dar
uma resposta suficiente às necessidades das suas populações".
Por
isso, sublinhou, a opção tem de ser "por uma abordagem inovadora, mais
introvertida do que extrovertida".
"Vivamos
do que temos, pelo que temos, vivamos para as dimensões do que temos",
acrescentou.
Para
Moussa Faki Mahamat, este "movimento de introversão e confiança" das
forças africanas será central para o "renascimento" do continente.
"A
única forma de conter a covid-19 e as suas consequências desastrosas, de
garantir a nossa suficiência alimentar, de criar milhões de empregos, de salvar
as centenas de milhões dos nossos cidadãos hoje gravemente expostos a pandemias
e perigos de todos os tipos, é a de uma verdadeira onda de solidariedade para
uma resiliência africana verdadeira, forte e duradoura", reforçou.
África
assinalou segunda-feira os 57 anos da criação da Organização da Unidade
Africana (OUA).
Em maio
de 1963, à medida que a luta pela independência do domínio colonial ganhava
força, líderes de Estados africanos independentes e representantes de
movimentos de libertação reuniram-se em Adis Abeba, na Etiópia, para formar uma
frente unida na luta pela independência total do continente.
Da
reunião saiu a carta que criaria a primeira instituição continental
pós-independência de África, a Organização de Unidade Africana (OUA),
antecessora da atual União Africana.
A OUA,
que preconizava uma África unida, livre e responsável pelo seu próprio destino,
foi estabelecida a 25 de maio de 1963, que seria também declarado o Dia de
África.
Em
2002, a OUA foi substituída pela União Africana, que reafirmou os objetivos de
"uma África integrada, próspera e pacífica, impulsionada pelos seus
cidadãos e representando uma força dinâmica na cena mundial".
ANG/LUSA
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