Formação de novo Governo/ Presidente da República delega mediação ao líder do parlamento
Bissau,26
Mai 20(ANG) - O Presidente da República Umaro Sissoco Embaló, instou
segunda-feira ao líder do parlamento, Cipriano Cassamá, para que encontre uma
solução de Governo entre os partidos com assento parlamentar, até 18 junho, sob
pena de dissolver o órgão legislativo.
Numa
segunda ronda de auscultações dos seis partidos com assento parlamentar para a
busca de consenso sobre formação do novo
executivo, de base alargada, Sissoco Embaló disse aos jornalistas que não lhe
restará outra saída que não seja a dissolução do parlamento.
Acompanhado
pelo líder do parlamento com quem esteve reunido, na Presidência da República,
Embaló deu indicações a Cipriano Cassamá
por perceber que persistem divergências entre os partidos sobre de que lado
está a maioria parlamentar.
Nas
audiências em separado com os partidos, mantiveram-se as divergências sobre a
maioria parlamentar.
Como
vencedor das eleições legislativas de março passado, o Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) afirma que detém a maioria no
parlamento, fruto de um entendimento que firmou com a Assembleia do Povo
Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB).
Um
outro bloco de três partidos também reclama que agora a maioria parlamentar
está do seu lado. O bloco é constituído pelo Movimento para a Alternância
Democrática (Madem G-15), Partido da Renovação Social (PRS) e APU-PDGB.
A
APU-PDGB firmou um acordo de incidência parlamentar com o PAIGC logo a seguir
às legislativas, mas mais tarde o seu líder, Nuno Nabian, atual
primeiro-ministro, disse que o partido renunciou ao compromisso.
Nabian,
cuja posição é contestada por grande maioria de membros da sua direção,
celebrou um novo acordo de incidência parlamentar com o Madem G-15 e o PRS.
Contudo,
quatro deputados da APU-PDG se mantiveram fiéis ao acordo assinado com o PAIGC
em 2019 e o PAIGC tem reafirmado que o referido acordo tem validade para uma
legislatura, ou seja para quatro anos.
O
Presidente guineense quer agora que o líder do parlamento convoque os seis
partidos representados no órgão para "um diálogo franco, para acabar com o
bloqueio e tirar o país da situação de crise em que se encontra".
Umaro
Sissoco Embaló notou que, de ora em diante, suspendeu a sua militância no Madem
G-15 e passou a ser Presidente de todos os guineenses, incluindo o antigo líder
do país, José Mário Vaz ou o presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, com
quem disputou a segunda volta das presidenciais em dezembro passado.
Embaló
disse que não ficará bem que o parlamento seja dissolvido tendo Cipriano
Cassamá como presidente, e que este não consiga encontrar entendimento entre os
partidos aí representados.
"Se
até dia 18 de junho não houver um entendimento vou tomar a minha decisão
enquanto chefe de Estrado", declarou.
Sobre a
data limite fixada pela Comunidade Económica de Estados da África Ocidental
(CEDEAO) para a formação de um novo Governo, já ultrapassada em 22 de maio,
Sissoco Embaló disse estar vinculado apenas ao calendário guineense.
"Só
tenho compromisso com o povo guineense e com Deus", observou Embaló.
O
presidente do parlamento guineense, Cipriano Cassamá agradeceu a confiança de
Umaro Sissoco Embaló na sua pessoa e prometeu tudo fazer para encontrar uma
solução entre os partidos.
A
Guiné-Bissau tem vivido desde o início do ano mais um período de crise
política, depois de Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições pela
Comissão Nacional de Eleições, se ter autoproclamado Presidente do país, apesar
de decorrer no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) um recurso de contencioso
eleitoral apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira.
Na
sequência da sua tomada de posse, o Presidente guineense demitiu o Governo do
PAIGC liderado por Aristides Gomes e nomeou para o cargo Nuno Nabian, líder da
APU-PDGB, que formou um Governo com o Madem-G15, o PRS e elementos do movimento
de apoio ao antigo Presidente guineense, José Mário Vaz, e do antigo
primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior.
O STJ
remeteu uma posição sobre o contencioso eleitoral para quando forem
ultrapassadas as circunstâncias que determinaram o estado de emergência no
país, declarado no âmbito do combate à pandemia provocada pelo novo
coronavírus.ANG/Lusa
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