Justiça/ONU comemora prisão do
“tesoureiro” do genocídio de Ruanda
Bissau, 20 mai 20 (ANG)
- A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle
Bachelet, comemorou terça-feira a prisão
na França de Félicien Kabuga, considerado o "tesoureiro do genocídio de
Ruanda" de 1994, pedindo ao mundo que "localize os sete últimos
acusados".
"Esperamos que,
graças a esse sucesso, todos os Estados redobrem os seus esforços e tomem as
medidas necessárias para localizar os últimos sete acusados, para que eles
também possam ser levados à justiça", disse Bachelet em comunicado, sem
mencionar os nomes dos demais procurados.
A alta comissária também
observou que essa prisão, "26 anos após o genocídio, ressalta o amplo
alcance da responsabilidade penal internacional".
Kabuga foi acusado em
1997 pelo Tribunal Penal Internacional de Ruanda (TPIR) por sete acusações,
incluindo genocídio. Também é indiciado principalmente por ter criado as
milícias Interahamwe, o principal braço armado do genocídio de 1994, que causou
800.000 mortos, segundo a ONU.
Também é conhecido por
ter usado a Rádio Televisão Free Thousand Hills (RTLM), presidida por ele, para
reforçar o ódio étnico entre os hutus e tutsis em Ruanda.
"O caso Kabuga e os
efeitos da propaganda difundida pela RTLM lembram fortemente o que esses
discursos podem levar e por que é tão importante se opor a eles", disse
Bachelet.
Refugiado na Suíça em
Julho de 1994, antes de ser expulso, Kabuga mudou-se temporariamente para
Kinshasa.
Em Julho de 1997, foi
relatado que ele havia escapado de uma operação para detê-lo em Nairóbi e
depois outra em 2003, segundo a organização não governamental TRIAL.
Era alvo de um mandado
de prisão por parte do Mecanismo para Tribunais Penais Internacionais (MTPI), a
estrutura encarregada de concluir os trabalhos do Tribunal Penal Internacional
para Ruanda (TPIR).
Constituía um dos
principais acusados ainda em fuga, junto com Protais Mpiranya, que dirigia a
guarda do então presidente ruandês, Juvénal Habyarimana, e o ex-ministro da
Defesa Augustin Bizimana.
Depois de ser entregue
às autoridades judiciais francesas, Kabuga foi preso preventivamente e passará
por um processo de extradição diante de uma câmara do Tribunal de Apelações de
Paris. Este órgão decidirá a sua entrega ao MTPI em Haia para julgamento.ANG/RFI
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