Covid-19/Resposta da OMS vai ser submetida a avaliação por votação em
mais de 60 países
Bissau, 18 mai 20 (ANG) - O governo do Brasil e de outros 60 países do
mundo vão colocar à votação uma resolução que pedirá a abertura de uma
avaliação "imparcial e independente" da resposta dada pela OMS à
pandemia.
A agência de Saúde realiza a sua
assembleia anual, com a participação de chefes-de-estado e ministros de todos
os 194 países. O evento, virtual, deve ser marcado por duras críticas contra a
OMS e ataques mútuos entre governos.
Numa resolução que estará sobre a mesa,
os governos vão pedir que seja iniciado um processo de avaliação dos mecanismos
existentes na OMS para dar respostas às emergências globais.
A resolução ainda pede que o processo
avalie também o regulamento sanitário internacional, acordo fechado em 2009 e
que cria obrigações a países para que informem a OMS sobre eventuais surtos.
Também será colocado em questão "a
contribuição da OMS nos esforços da ONU", uma maneira diplomática de
forçar uma revisão das práticas da entidade.
O texto está sendo proposto pelo Brasil,
Austrália, Chile, Colômbia, Japão, UE, Rússia, Reino Unido e vários outros
governos. Não está claro se Pequim e Washington aceitarão o acordo.
Para os americanos, o texto é ainda
considerado progressista demais no que se refere ao papel central atribuído
para a OMS em questões de saúde.
Negociado por três semanas em intensas
reuniões, o texto teve de ser construído de uma forma ampla para deixar espaço
a todas as opções. Governos como o da Austrália querem uma avaliação imediata
do papel da OMS e da China, enquanto a Europa estima que tal avaliação apenas
pode ser feita com a pandemia superada.
Na OMS, seu director-geral, Tedros
Ghebreyesus, defende que haja uma revisão. Mas apenas quando a actual crise
acabar.
Alguns estimam que a declaração de
pandemia pode levar meses ou mais de um ano para ser retirada.
Tedros, ainda assim, será alvo de
intenso questionamento em sua reunião de hoje. O governo de Donald Trump
decidiu focar os seus ataques contra a OMS, na esperança de encontrar um
culpado pela crise.
Tedros, por seu lado, alerta que a
declaração de emergência mundial ocorreu no dia 30 de Janeiro e que, apenas
semanas depois, é que os EUA reagiram.
O director-geral da OMS, porém, espera
obter o apoio de China e vários outros países, na tentativa de reduzir a pressão
nos próximos dois dias.
Até sexta-feira, seria Nelson Teich quem
acompanharia os debates na OMS e faria o discurso em nome do governo de Jair
Bolsonaro.
Mas com a sua saída do Ministério da
Saúde, abriu-se uma incerteza sobre quem representaria o Brasil.
A OMS chegou a buscar esclarecimentos
sobre quem falaria em nome do país, inclusive para estabelecer a sua lista com
base no protocolo diplomático.
No domingo, Brasília indicou que o
discurso do país na OMS deve ser realizado por Eduardo Pazuello, militar que
ocupa de forma interina o cargo vago de Teich.
O general, que afirmou ser
"leigo" em questões médicas, tem coordenado a operação de compras de
equipamentos e máscaras.
Em Genebra, chamou a atenção o facto de
o Brasil indicar a participação de um militar, principalmente diante do número
elevado de especialistas reconhecidos e nomes de alto gabarito do país na
Saúde.
A regra, porém, estipula que um país
deve ser representado no evento pelo chefe-de-governo ou por um ministro. ANG/Angop
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