OMS/Covid-19: Guerra diplomática entre os
Estados Unidos e a China
Bissau, 20 mai
20 (ANG) - As duas maiores potências mundiais entraram em conflito na
Assembleia Geral da OMS, com Pequim a reiterar o seu papel exemplar na luta
contra a pandemia de Covid-19 e Washington a acusar este país de ter mentido,
reiterando a ameaça de suspender os cerca de 450 milhões de dólares de quotas
anuais à organização.
Segunda-feira, no seu discurso por
video-conferência na Assembleia Geral da OMS, o Presidente Xi Jingping afirmou que a China foi totalmente transparente e responsável na gestão desta crise,
"mentira", respondeu o secretário norte-americano da
saúde Alex Azar, que acusou a OMS de « falta de transparência, que
custou a vida a muitas pessoas ».
Ainda na segunda-feira em carta dirigida ao director-geral da OMS, o
etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus,
o Presidente Donald Trump reiterou a ameaça de suspender definitivamente a
contribuição dos Estados Unidos à OMS - no valor de cerca de 450
milhões de dólares anuais, o equivalente a 15% do seu orçamento – e mesmo retirar o país da organização,
se nos próximos 30 dias a OMS não proceder a «melhorias» significativas na sua acção e acusou ainda a OMS de
«ser uma marioneta da China».
Em Abril último o Presidente Donald Trump
suspendeu temporariamente a contribuição dos Estados Unidos à OMS, acusando a
organização de conivência com a China,
que esta segunda-feira (18/05) prometeu alocar 2 mil milhões de dólares suplementares à Organização Mundial
de Saúde nos próximos dois anos.
Os 194 países membros da OMS, entre os
quais os Estados Unidos e a China, adoptaram por consenso esta terça-feira
(19/05) uma resolução que prevê uma
"avaliação, imparcial, independente e completa"da acção
internacional coordenada pela OMS em resposta à pandemia de Covid-19, no
intuito de "melhorar as capacidades mundiais de prevenção, preparação e resposta face às pandemias", mas apenas "em tempo oportuno", como aliás
exigia a China, ou seja só depois de travada a pandemia.
A Assembleia Geral da OMS poderia no
entanto adoptar ainda esta terça-feira, no término da reunião virtual de chefes
de Estado e de governo, uma resolução inédita para declarar os futuros tratamentos ou vacinas contra o novo coronavírus como
bens públicos mundiais, o que significa acessíveis a todos.
Á margem e em comunicado, o chefe da
diplomacia norte-americana Mike Pompeo, condenou ainda a exclusão de Taiwan da Assembleia
Geral da OMS desde 2006, depois dos 194 países membros terem decidido adiar os
debates sobre a participação da ilha como país observador, como reclamado por
Washington e cerca de outros 15 países.
Taiwan foi excluído de país observador da
OMS em 2006 sob pressão chinesa, por recusar reconhecer o princípio da unidade
da ilha face à China Continental.ANG/AFP
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