Bissau,28
Mai.20(ANG) - O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC)
pediu quarta-feira a criação de uma comissão de inquérito parlamentar ao ataque
de sexta-feira passada contra o deputado guineense Marciano Indi.
"Tratando-se
de um assunto ligado à segurança pública e dos eleitos do povo, que deve
preocupar a Assembleia Nacional Popular, o grupo parlamentar do PAIGC concluiu
que se torna necessária a criação de uma comissão parlamentar de inquérito para
averiguar as circunstâncias em que ocorreu o rapto e espancamento do deputado
da Nação e apurar responsabilidades", refere o partido no pedido.
O
pedido foi feito numa carta enviada pelo grupo parlamentar do PAIGC ao
presidente do parlamento, Cipriano Cassamá.
O deputado
Marciano Indi, da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da
Guiné-Bissau (APU-PDGB) foi raptado e espancado na sexta-feira por um grupo de
desconhecidos, mas acabou por ser libertado, depois da intervenção do
presidente do parlamento nacional.
Marciano
Indi é conhecido pela sua posição crítica face ao atual poder na Guiné-Bissau,
nomeadamente o líder da APU-PDGB e primeiro-ministro, Nuno Nabian, com quem se
incompatibilizou de forma aberta.
Indi
tem defendido a continuidade do seu partido no acordo de incidência parlamentar
assinado com o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC),
em março passado, para desta forma criar uma maioria no parlamento.
O PAIGC
venceu as legislativas de março de 2019 sem maioria e fez um acordo de
incidência parlamentar com a APU-PDGB, Partido da Nova Democracia e União para
a Mudança, obtendo 54 dos 102 assentos no parlamento.
Logo no
início da legislatura, o líder da APU-PDGB, Nuno Nabian, que ocupava o cargo de
primeiro vice-presidente do parlamento, incompatibilizou-se com o PAIGC e
aliou-se ao Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), segunda força
política do país, com 27 deputados, e Partido da Renovação Social, que elegeu
21 deputados.
Apesar
da nova aliança, quatro dos cinco deputados da APU-PDGB, entre os quais,
Marciano Indi, mantiveram a sua lealdade ao acordo de incidência parlamentar
assinado com o PAIGC.
Os dois
blocos alegam ter a maioria no parlamento.
A
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), organização
sub-regional que tem mediado a crise na Guiné-Bissau, emitiu um comunicado em
abril, onde reconhece Umaro Sissoco Embaló como Presidente do país e insta as
autoridades a nomear um Governo, que respeite os resultados eleitorais, bem
como uma revisão à Constituição, que seja aprovada por referendo.
O prazo
da CEDEAO para formação de um novo Governo terminou na sexta-feira. O chefe de
Estado guineense deu agora ao parlamento até 18 de junho para apresentar uma
solução para a situação política que o país vive. ANG/Lusa
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