UNOCT/Marrocos e ONU criam escritório de combate ao terrorismo em África
Bissau,
08 Out 20 (ANG) - Marrocos e a Organização das Nações Unidas (ONU) assinaram,
terça-feira, por videoconferência, um acordo de sede para a instalação no
primeiro dum Escritório do Programa de Luta contra o Terrorismo e Formação em
África (UNOCT, sigla em inglês).
Assinado pelo ministro
marroquino dos Negócios Estrangeiro, Cooperação Africana e dos Marroquinos no
Estrangeiro, Nasser Bourita, e pelo secretário-geral adjunto da ONU para a luta
contra o terrorismo, Vladimir Voronkov, este acordo reflecte a ambição de
unirem esforços para enfrentarem desafios ligados à crescente ameaça terrorista
em África nos últimos anos.
Este escritório, o
primeiro do género em África, visa “reforçar a capacidade dos Estados membros
na elaboração de programas nacionais de formação na luta contra o terrorismo”,
indicou Bourita, quando falava à margem da cerimónia de assinatura.
Afirmou que Marrocos se
comprometeu a trabalhar em conjunto com esta nova estrutura, por forma a criar
uma pasta dinâmica de formação avançada que evolua e se adapte à missão, em
perpétua mudança e cada vez mais difícil, de prevenção, detecção e repressão
das actividades terroristas.
Segundo Bourita, para se
ter sucesso nesta aposta, “as nossas acções devem estar em perfeita sintonia
com as necessidades dos Estados africanos, em complementaridade com várias
iniciativas lançadas por estes Estados, desenvolvidas com o contributo dos
Estados africanos e partilhadas entre parceiros numa abordagem cooperativa e
solidária."
A criação do
centro, fruto de um trabalho árduo que durou mais de nove meses, ocorre num
momento em que África é vítima de um "recrudescimento alarmante” de
actos terroristas em 2020, considerou o chefe da diplomacia marroquina.
Estes actos aumentaram
31 por cento desde 2011, atingindo quatro mil 100 ataques no primeiro semestre
deste ano, enquanto o número de mortes por terrorismo saltou 26 por cento num
ano, ou seja, 12 mil 507 contra nove mil 944 nos seis primeiros anos de 2019,
referiu.
No Sahel, palco do surto
de violência mais significativo, actos de Jama'at Nusrat al Islam wal Muslimin
(JNIM) e Daesh (Estado Islâmico) multiplicaram-se por sete desde meados
de 2017, indicou o ministro.
No Lago Tchad, o número
de vítimas de ataques terroristas da seita islamita nigeriana Boko Haram e do
Daesh quase se duplicou desde Junho de 2017, passando de 506 para 964 vítimas,
alertou o diplomata.
Estes dados,
concluiu o ministro, sublinham que África precisa, mais do que nunca, de uma
"acção imediata e determinada” para estabilizar o continente, consolidar a
sua segurança e concentrar-se no desenvolvimento sustentável.ANG/Angop
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