Tunísia/Presidente rejeita que nova Constituição abra caminho a
ditadura
Bissau, 06 Jul 22 (ANG) - O Presidente da Tunísia, Kais Saied,
defendeu, terça-feira, o seu projecto de Constituição face a acusações de
desvio autoritário, após ter sido desautorizado pelo jurista a quem tinha sido
confiada a redacção do documento.
Sadok Belaid, chefe da comissão encarregada de redigir a nova
Constituição, apresentou o projecto que redigiu no passado dia 20 de Junho, mas
o Presidente da Tunísia publicou na quinta-feira uma versão completamente
revista, estabelecendo um sistema que concede poderes muito amplos ao chefe de
Estado.
Belaid, respeitado jurista tunisino, disse numa carta aberta
publicada pela imprensa no passado domingo que a versão de Saied está longe de
ser a que tinha sido elaborada, alertando que o projecto que vai ser submetido
a referendo no dia 25 de Julho pode "abrir caminho a um regime ditatorial".
Numa mensagem divulgada pela Presidência da República, Saied
defende-se afirmando que o projecto de Constituição publicado reflecte "o
que o povo tunisino expressou desde a revolução (de 2011) até 25 de Julho de
2021, quando foi colocado no caminho certo".
Nessa altura e após meses de impasse político, Saied suspendeu o
parlamento e demitiu o governo para assumir plenos poderes, abalando a frágil
democracia do país onde começaram as revoltas da Primavera Árabe, em 2011.
O chefe de Estado rejeita, assim, as acusações de que a
Constituição proposta abre caminho ao "regresso da tirania".
Kais Saied apelou ainda aos cidadãos para aprovarem o texto no referendo de 25
de Julho.
"Digam 'Sim' para que seja evitado o declínio do Estado,
para que os objectivos da revolução se concretizem e para acabarmos com a
miséria, o terrorismo, a fome, a injustiça e o sofrimento", acrescentou.ANG/Angop
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