Carlos Correia
Bissau, 17 set. 15 (ANG) – Engenheiro agrónomo
formado na extinta RDA, o novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos
Correia, é tido como um homem "sério e rigoroso", tendo em três
ocasiões, precisamente as que chefiou o executivo, merecido o aplauso das
organizações financeiras internacionais.
Natural de Bissau, onde nasceu a 06 de Novembro de
1933 (74 anos), Carlos Correia é um dos "históricos" da luta de
libertação dos povos da antiga província portuguesa da Guiné, cujo país acedeu
unilateralmente à independência de Portugal a 24 de Setembro de 1973.
Atualmente, é o primeiro vice-presidente e
militante do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC.
Primeiro titular das Finanças do recém-criado Estado
da Guiné-Bissau - o título exato era Comissário de Estado (o então equivalente
a ministro) - Carlos Correia era um antigo funcionário da Casa Gouveia (antiga
CUF).
No entanto, desde o início da década de 50 do
século XX que já lidava diretamente com alguns dos que, em 1956, acabariam por
fundar o PAIGC.
As ligações ao partido tornaram-se definitivas
quando assistiu, a 03 de Agosto de 1959 (passaram recentemente 49 anos), ao
tristemente célebre Massacre de Pindjiguiti, uma revolta dos estivadores do porto
de Bissau que foi violentamente reprimida pelas forças de segurança locais.
Embora não existam números oficiais, a revolta
deixou mais de meia centena de mortos e uma centena de feridos, segundo o
PAIGC, enquanto a administração colonial portuguesa falou de cinco vítimas
mortais, tendo Carlos Correia sido uma das principais testemunhas ouvidas vezes
sem conta.
Membro do Conselho de Estado (órgão extinto em
1994) e sempre ministro de Estado enquanto esteve no Governo, Carlos Correia
chefiou vários ministérios, como os do Desenvolvimento Rural e Agricultura e do
Comércio, precisamente antes da abertura do país ao multipartidarismo, em 1991.
Logo após a abertura ao pluralismo político,
"Nino" Vieira, também presidente do PAIGC, escolheu Carlos Correia
para o cargo de primeiro-ministro, função que ocupou de 21 de Dezembro de 1991
a 26 de Outubro de 1994, sendo substituído pelo então secretário nacional
("número dois") do antigo partido único, Manuel Saturnino da Costa.
A escolha de Saturnino da Costa, fruto da vitória
do PAIGC nas primeiras eleições multipartidárias da História da Guiné-Bissau,
em Julho de 1994, viria a tornar-se catastrófica para o país, que viu o Banco
Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) a criticarem duramente o
rumo da economia guineense.
Acabou, assim, por ser com naturalidade que
"Nino" Vieira, apesar de uma grande polémica no interior do PAIGC,
exonerou Saturnino da Costa e chamou novamente Carlos Correia para a chefia do
Governo, cargo que viria a desempenhar de 06 de Julho de 1997 a 03 de Dezembro
de 1998.
O seu executivo, porém, acabou por cair na
sequência da guerra civil que assolou o país (07 de Junho de 1998 a 07 de Maio
de 1999), opondo o governo de "Nino" Vieira a uma Junta Militar
liderada pelo general Ansumane Mané, ex-chefe do Estado-Maior General das
Forças Armadas (CEMGFA).
Em apenas um ano e apanhando uma economia desfeita,
Carlos Correia, homem de poucas falas, conseguiu repôr os índices económicos
nos eixos, valendo-lhe os elogios públicos do FMI e BM, mesmo durante os
primeiros meses do conflito armado.
Carlos Correia, conhecido por "dominar os
dossiês governamentais", tal como afirmaram os especialistas do FMI e BM,
é unanimemente considerado no país como sendo um dirigente político sério, ao
mesmo tempo que é considerado "homem de confiança" do Presidente
guineense.
Antigo jogador de futebol, Carlos Correia jogou, e
bem, dizem os especialistas, ao longo da década de 50 na também
"histórica" União Desportiva Internacional de Bissau (UDIB).
Sem comentários:
Enviar um comentário