Embaixador
Helder Vaz não quer “contraditar” MNE português no caso RTP/RDP ÁFRICA
Bissau, 06 Jul 17 (ANG) - O embaixador guineense em
Lisboa afirmou terça-feira que não quer contraditar o ministro dos Negócios
Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, no “incidente” ligado à suspensão
das atividades e emissões dos canais África da RTP/RDP na Guiné-Bissau.
Helder Vaz Lopes escusou-se, desta forma, a avançar mais
pormenores sobre o que qualificou como “pequeno incidente” entre os governos
guineense e português, relacionado com a decisão de Bissau em suspender as
emissões da RTP África e RDP África que alegando a caducidade do protocolo
assinado a 31 de outubro de 1997.
Vaz Lopes não quis gravar quaisquer declarações, alegando
que a Guiné-Bissau tem uma “agenda construtiva” nas relações bilaterais com
Portugal e que pretende resolver um “pequeno problema, um acidente de percurso”
que, assegurou, “não afeta nem afetará” as relações entre os dois Estados.
Mais do que isso, acrescentou, o Governo da Guiné-Bissau
pretende “ampliar” as relações de cooperação na área da comunicação social,
quer pública quer privada”, insistindo ainda na ideia de que “não passa pela
cabeça” do executivo guineense “criar obstáculos” à liberdade de expressão ou
de opinião.
O diplomata guineense aludia a declarações de Santos
Silva, que, conhecida a decisão de Bissau, a 30 de junho, indicou tratar-se de
“um atentado à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa”, lamentando-a
e considerando ainda que “este tipo de ultimatos é inaceitável”.
Helder Vaz falava aos jornalistas da agência Lusa e da
RDP África numa pausa dos trabalhos de um debate intitulado “Os Desafios da
Comunidade Guineense em Portugal”, organizado pelo Grupo Parlamentar de Amizade
Portugal/Guiné-Bissau, que decorre na Assembleia da República em Lisboa.
Na abertura do debate, que contou com a presença da
secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação portuguesa, Teresa
Ribeiro, o diplomata guineense criticou a “falta de responsabilização” que
disse existir nos canais África da RTP/RDP, suspensas na Guiné-Bissau desde 01
deste mês.
“Há pessoas que os têm usado para fazer luta partidária,
que usam os canais públicos portugueses para fazerem programas partidários”,
afirmou Helder Vaz, que criticou os “excessos de linguagem” nas críticas contra
o Governo guineense.
“Queremos que se distinga entre a atividade política e a
atividade jornalística”, afirmou Helder Vaz, que tinha também na plateia
representantes de cerca de dezena e meia de associações e instituições
guineenses da diáspora.
“Já se sabem as posições dos dois lados e a mim cabe-me
fazer pontes. E é isso que tenho estado a tentar fazer”, sublinhou Helder Vaz,
que não adiantou mais pormenores.
Na sua intervenção, Teresa Ribeiro escusou-se a comentar
as palavras de Hélder Vaz, alegando que o Governo português “já clarificou a
sua posição em várias ocasiões”, optando por lembrar que Portugal “é sempre
aliado” da Guiné-Bissau em todos os fóruns internacionais, realçando o caso da
União Europeia (UE).
“Quero deixar aqui uma mensagem de comunhão de laços que
nada pode separar”, afirmou a governante portuguesa que, também numa pausa dos
trabalhos, garantiu à Lusa e à RDP África que este “incidente” em nada vai
afetar as relações entre os dois países.
A 30 de junho, o ministro da Comunicação Social
guineense, Vítor Pereira, anunciou a suspensão das emissões dos canais África
da RTP e RDP e da agência Lusa a partir das 00:00 de 01 deste mês, alegando a
caducidade do protocolo assinado a 31 de outubro de 1997.
Vítor Pereira, porém, acabaria por excluir, no mesmo dia,
a agência noticiosa portuguesa da suspensão das atividades.
Já a 01 deste mês, o ministro da Comunicação Social
guineense convocou nova conferência de imprensa, em que justificou que a
decisão de suspensão das atividades da rádio e televisão pública de Portugal no
país “não é uma questão política, mas apenas técnica”.
ANG/Lusa/Fim
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