Diplomacia/Presidente da Guiné-Bissau
promete abrir portas da CEDEAO à Portugal
Bissau, 12 Out 20 (ANG)
– O Presidente Umaro Sissoco Embaló,
prometeu sexta-feira que Portugal será um parceiro privilegiado da Comunidade
Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) quando assumir a presidência
em exercício daquela organização sub-regional.
“Penso que é muito
positiva a minha vinda para Portugal, porque Portugal é a porta de entrada na
União Europeia e é para mostrar que somos dois povos condenados a andarem
juntos”, afirmou Umaro Sissoco Embaló, numa conferência de imprensa em Lisboa
de balanço da visita de Estado a Portugal que terminou na sexta-feira.
Na visita, Sissoco
Embaló acordou com o primeiro-ministro português, António Costa, a visita do
chefe de Governo de Lisboa a Bissau, que já está definida “para Novembro”.
Na sua opinião, as
crises políticas na Guiné-Bissau são já coisas do passado e “havia uma
interpretação errada da comunidade internacional” que está a mudar.
Para tal, a Guiné-Bissau
quer aumentar a sua presença na sub-região, colocando-se como elemento de
ligação entre o espaço lusófono e a CEDEAO, que tem uma maioria de países
anglófonos e francófonos.
“A dimensão da
Guné-Bissau junto do espaço da CEDEAO não é a mesma [como] há 20 anos” e “Cabo
verde também tem as suas influências na zona e é um membro ativo” na
organização, afirmou.
“Nós juntos podemos ser
porta-vozes de Portugal na CEDEAO”, afirmou Sissoco Embaló, acrescentando que
tem um acordo com os parceiros vizinhos para assumir a presidência em exercício
da organização.
O Presidente da
Guiné-Bissau explicou que “será a primeira vez que um país lusófono vai
presidir à CEDEAO”, sucedendo ao Gana, e admitiu que esta nomeação é também
“uma forma de prestígio” para o país.
“A Guiné é um país
virgem para investimento”, afirmou Sissoco Embaló, salientando que o que falta
fazer depende da estabilidade no país.
“Para haver
infraestruturas é preciso estabilidade” e o “investimento vem com a
credibilidade” e “hoje todas as instituições estão a funcionar plenamente”,
afirmou.
Mas há “regras e quem
manda é o Presidente da República”, avisou Sissoco Embaló.
Nas declarações aos
jornalistas, Umaro Sissoco Embaló afirmou-se amigo do Senegal, com quem quer
renegociar o acordo sobre a gestão dos hidrocarbonetos na área conjunta, e
voltou a criticar o Presidente da vizinha Guiné-Conacri, Alpha Condé,
acusando-o de “estar a tentar um golpe” ao forçar um terceiro mandato.
Na visita a Portugal,
Sissoco Embaló discutiu com o Governo português o perdão de dívida e o apoio de
Lisboa a projetos locais, como a certificação das infraestruturas que irão
permitir o processamento do peixe capturado nas águas guineenses.
A discussão sobre a dívida
está a ser feita também com outras organizações internacionais, como o Fundo
Monetário Internacional, e países como a China, o maior credor do país.
Na conferência de
imprensa, o chefe de Estado guineense alegou que o país já não é um palco de
circulação de droga como no passado, considerando que o “Estado estava quase no
chão”, sem meios para lidar com o problema.
“A corrupção e
narcotráfico são coronavírus políticos”, considerou, minimizando a substituição
que foi promovida de elementos das autoridades criminais.
“Para mim, não há
ninguém minimamente insubstituível”, justificou, embora salientando que o
fenómeno da droga nunca foi tão grave como os observadores internacionais
apontavam.
“Falávamos da
Guiné-Bissau como se fosse a Colômbia ou a Venezuela”, disse.
Umaro Sissoco Embaló
voltou a defender uma constituição de pendor mais presidencialista, recordando
que a Guiné-Bissau dá um protagonismo maior ao Presidente a República do que
Portugal ou Cabo Verde, na nomeação de figuras do Estado ou na presidência do
Conselho de Ministros.
Mas “não estou como um
Kim Jong-un”, numa referência ao líder norte-coreano, considerando que a
centralização de poder permite combater a instabilidade política. ANG/Inforpress/Lusa
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