Nigéria/Dissolvida
unidade de elite da Polícia acusada de torturas
Bissau,
12 Out 20 (ANG) - A Presidência nigeriana ordenou a dissolução imediata de uma
unidade de polícia de elite contra os assaltos, após vários dias de protestos
contra a brutalidade dos seus agentes, acusados de assédio, tortura e mesmo
assassinato.
"A Unidade Especial
Antirroubo da Polícia Nigeriana foi imediatamente dissolvida", anunciou sexta-feira
a Presidência, num comunicado.
Na sequência desta
directiva presidencial, o inspector-geral da Polícia, Adamu Mohamed, anunciou a
proibição de operações e rusgas daquela unidade, numa conferência de imprensa
que decorreu hoje na capital do país, Abuja.
O anúncio surge após
vários dias de protestos em várias localidades na Nigéria e mesmo fora do país,
com milhares de pessoas a apelarem ao desmantelamento desta unidade policial,
acusada de detenções arbitrárias, tortura e assassínios.
A polícia respondeu às manifestações
com força e gás lacrimogéneo em várias áreas e chegou a matar uma pessoa a tiro
nos protestos na cidade de Ogbomoso, no sudeste do país, no sábado.
#EndSARS ("End
SARS", a sigla da unidade de polícia em inglês), a designação com que os
protestos se tornaram virais nas redes sociais, consta de uma petição feita há
anos no país, mas que ganhou mais força após a publicação de um vídeo do
assassinato de um jovem numa esquadra de polícia no Delta do Níger (sudeste),
imagens que a polícia nega serem reais.
Um relatório da
organização não-governamental Amnistia Internacional (AI) de 2016 já alertava
para a tortura e o tratamento desumano dos detidos pela SRAS numa tentativa de
extrair confissões ou informações.
De acordo com a
organização, estes métodos incluíam espancamentos, enforcamentos, tiros nas
pernas, ameaças e tentativas de execução, entre outros atos que violam os
direitos humanos.
A Amnistia voltou a
alertar para estas práticas já este ano, afirmando que "a tortura é rotina
nos métodos de investigação" da SARS.
O governo nigeriano
prometeu repetidamente reformas na unidade e o Presidente, Muhammadu Buhari,
assumiu na sexta-feira, após uma reunião com o inspector-geral da Polícia, o
seu compromisso de reformar a SARS e de "pôr fim à brutalidade policial e
ao comportamento antiético".
A directiva presidencial
emitida hoje declara que os membros da SRAS serão recolocados e será promulgada
nova legislação para processar e investigar os crimes e delitos cometidos.ANG/Angop
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