ANP/Presidente do parlamento diz que há uma "linha vermelha" quanto
à revisão constitucional
Bissau,12 nov 21(ANG) - O presidente da Assembleia Nacional Popular,
Cipriano Cassamá, disse quinta-feira à Lusa que "há uma linha vermelha" que
não pode ser ultrapassada quanto à competência para a revisão da Constituição,
processo que considera ser da exclusiva competência dos deputados.
"Penso que há uma linha
vermelha que nós não podemos, enquanto deputados da nação, é admitir ninguém de
ultrapassar essa linha vermelha", disse Cipriano Cassamá, que
falava à Lusa à margem do seminário internacional realizado quinta-feira em
Lisboa, para assinalar o 25.º aniversário da criação da Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa (CPLP).
Cipriano Cassamá, que participou no seminário na qualidade de presidente em
exercício da Assembleia Parlamentar da CPLP, referia-se à polémica por que
passa a Guiné-Bissau, depois de o Presidente da República, Umaro Sissoco
Embaló, ter admitido a possibilidade de dissolver o parlamento, quando
questionado pela imprensa sobre a revisão constitucional, no passado dia 20 de
outubro.
"Digo-vos a UDIB (antiga sala
de cinema de Bissau) fechou. O local dos filmes já não trabalha, eu não
frequento salas de teatro. A assembleia tem os dias contados. Dias contados
significam que posso dissolver o parlamento hoje, amanhã, no próximo mês ou no
próximo ano. A dissolução do parlamento está na minha mão e nem sequer levará
um segundo", disse, em crioulo, o Presidente guineense.
O tema da revisão constitucional, e a substituição do atual regime
semipresidencialista por um presidencialista, defendido em entrevista à agência
Lusa, no passado dia 01 de novembro, pelo porta-voz do Governo, Fernando Vaz,
foi igualmente abordado por Cipriano Cassamá nas declarações feitas à Lusa.
"Se alguém tiver algo
interessante que possa ajudar na revisão da Constituição, que leve para o
parlamento que nós vamos receber. Agora, dizer que vamos mudar de regime?
Ninguém, nenhum guineense tem essa competência. Ninguém",
vincou.
O presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau sublinhou que
todos os políticos estão a prazo nos órgãos para que foram eleitos.
"Eu estou hoje no
parlamento, amanhã saio. Amanhã quem estiver, quem está nos outros órgãos sai.
Nós fomos emprestados a essas funções e nós, enquanto deputados representantes de
povo, temos que fazer o nosso trabalho”, salientou.
"Nós não podemos admitir a
ninguém naquele país fazer o que bem entender ou mudar a Constituição ou mudar
o regime. O regime não se muda assim", acrescentou.
Para Cipriano Cassamá, "nenhum
guineense tem esse direito de fazer a interpretação pessoal da Constituição à
maneira que quiser".
Na sessão em curso os parlamentares têm em agenda a revisão da Constituição
da República, na base das propostas elaboradas por uma comissão de deputados
que havia sido criada pela ANP. ANG/
LUSA
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