Simões
Pereira nega existência de mal-estar com Presidente Mário Vaz
Bissau, 28 Jan 15 (ANG) - O primeiro-ministro guineense
garantiu terça-feira, na Cidade da Praia, a inexistência de qualquer mal-estar
com o presidente da Guiné-Bissau, considerando que existe "falta de alguma
concertação" num país que está a sair de uma situação "terrivelmente
difícil".
Domingos Simões Pereira, que iniciou terça-feira uma
visita oficial de três dias a Cabo Verde, falava aos jornalistas após um
encontro com o presidente da câmara da Cidade da Praia, Ulisses Correia e
Silva, e salientou tratar-se de um período que não é fácil, nem para si, nem
para José Mário Vaz.
"É preciso compreender que a Guiné-Bissau está a
sair de uma situação terrivelmente difícil, há muitos interesses em presença,
os partidos políticos estão numa recomposição interna, o jogo político não está
totalmente clarificado e compreendo que tudo isso não é muito fácil para o
Presidente, nem para mim. Mas acredito que vamos conseguir um consenso que o
povo guineense não só pede como exige", afirmou.
Domingos Simões Pereira ressalvou que a sua resposta não
pode ser interpretada como o reconhecimento de que existe um mal-estar entre o
primeiro-ministro e o Presidente.
"É na nossa agenda diária que precisamos de muito
mais concertação do que aquilo que, noutras situações, seriam tidas como
normais e que levam a pensar que existe um ambiente de crispação. Não. Estamos
a aprender a consolidar o nosso processo democrático e isso tem de beneficiar da
nossa disponibilidade, aprendizagem e desafios, mas também em encontrar
soluções que permitam essa convivência", notou.
Para Simões Pereira, a situação da Guiné-Bissau é
"especial" e a convivência é "algo que tem de ser
aprendido", sendo precisamente esse o caminho que está a ser percorrido,
podendo, em alguns momentos, parecer existir alguma falta de consenso sobre
determinadas matérias.
"Quero acreditar que a democracia constrói-se pela
capacidade de os atores reconhecerem os desafios e de produzirem os consensos
suficientes para os ultrapassar. O interesse do povo guineense tem de ser
colocado em primeiro plano e não tenho dúvidas nenhumas que o Presidente saberá
fazê-lo", sustentou.
"A construção democrática é um processo. Estamos a
fazer o nosso percurso, que tem de ser sempre monitorado pelos atores políticos
nacionais que têm de cuidar disso, e criar condições para um diálogo
heterogéneo inclusivo, mas tendo em atenção que há valores da Nação que valem a
pena preservar", acrescentou.
Simões Pereira negou, por outro lado, qualquer intenção
de remodelar o executivo, salientando que está "concentrado em
governar", admitindo, porém, a morosidade na substituição do ministro da
Administração Interna, nome que será conhecido, garantiu, assim que regressar a
Bissau.
"Estamos concentrados em governar e não a atender a
essas questões (remodelação ministerial). Os desafios que a Guiné-Bissau tem
pela frente são tantos que precisamos que a comunidade internacional e os
agentes da comunicação nos ajudem a atrair a atenção para aquilo que há de mais
positivo", salientou.
Para o chefe do executivo guineense, o que há de mais
positivo é o facto de existir um "consenso nacional" sobre o que é
necessário para construir o país, consolidar a paz e a estabilidade e trazer
ganhos que possam animar a população.
Sobre os militares, o chefe do executivo de Bissau
destacou a construção de uma "relação de entendimento" com as Forças
Armadas, sobretudo na intenção de fazer imperar da lógica de
"subordinação" das Forças Armadas ao poder político.
Instado sobre o que espera da reunião com os doadores,
prevista para Genebra em fevereiro ou março, Simões Pereira manifestou o desejo
de que haja uma grande adesão, bem como "sinais concretos" de que a
comunidade internacional está com o país e materialize financeiramente os
vários programas de desenvolvimento em curso.
Lusa