Ministro dos Recursos Naturais diz que
há transparência na exploração das areias de Varela
Bissau,
15 jan (ANG/Lusa) - O ministro dos Recursos Naturais da Guiné-Bissau, Daniel Gomes,
garantiu hoje que há transparência no processo de exploração de minérios nas
areias de Varela, norte do país, contrariando declarações do Presidente da
República, José Mário Vaz.
"Porque
é que se diz que não há transparência nesse processo da areia de Varela, se
mandei cartas a todos os membros do governo directamente envolvidos",
questionou Daniel Gomes, dirigindo-se aos membros da comissão especializada da
Assembleia Nacional Popular (ANP) para os Recursos Naturais.
O
ministro foi chamado hoje àquela comissão para esclarecer as dúvidas levantadas
pelo chefe de Estado que, no discurso de final de ano, disse ter indícios de
que as taxas cobradas à empresa que explora as areias no norte do país não
estão a entrar no Orçamento de Estado.
"Porque
é que as pessoas dizem que só estão a ver os carros [de transporte de minério]
a passar de um lado para outro? Até certo ponto é uma perseguição à minha
pessoa. Não posso aceitar isso", defendeu Daniel Gomes, visivelmente
irritado.
No
seu discurso de final de ano, José Mário Vaz afirmou que, na prática, não se
sabe o que se passa com a exploração das areias de Varela: apenas se vêem
camiões a transportar o produto para o porto comercial de Bissau.
Daniel
Gomes referiu que a operação de transporte de cerca de 500 toneladas, que
aguardam pelo embarque no porto de Bissau, é do conhecimento "de quem de
direito" e que logo que o produto esteja no navio que o vai transportar
para o mercado comprador, a Guiné-Bissau vai começar a receber aquilo a que tem
direito.
Explicando
os valores, o ministro afirmou que o Estado guineense irá receber uma comissão
de 5% da venda, mais 10% sobre o lucro da venda, sendo que metade desse valor
será depositado no Tesouro Público, 25% caberá ao Ministério dos Recursos
Naturais e outros 25% serão destinados à população.
Daniel
Gomes diz ser esta a distribuição prevista na lei de minas do país, que vai ser
respeitada.
Quanto
à posição do Presidente José Mário Vaz, que defende que o país devia deixar
para mais tarde a exploração dos recursos mineiras por falta de quadros e de
legislação, Daniel Gomes diz ser contra.
"Eu
sou pela exploração dos recursos mineiros do nosso país, interpretando o
mandato que me foi conferido", sublinhou Daniel Gomes, adiantando estar a
tratar da formação de quadros guineenses e de fazer regressar ao país os já
qualificados pelas universidades estrangeiras.
As
areias de Varela são exploradas por uma empresa russa para extracção de
minerais, como o zircónio, utilizados em sectores de alta tecnologia como as
indústrias nuclear, química e electrónica, bem como na construção civil.
Lusa
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