Manifestantes
atacam embaixada dos EUA no Iraque
Bissau, 01 jan
20 (ANG) - Milhares de manifestantes iraquianos entraram à força na embaixada dos
Estados Unidos em Bagdá na terça-feira (31), em protesto contra os bombardeios
norte-americanos.
Os ataques de domingo mataram 25
combatentes das brigadas do Kataeb Hezbollah, um grupo armado xiita iraquiano
apoiado pelo governo iraniano.
No Twitter, o presidente Donald Trump acusou
o Irã de "orquestrar" o ataque à embaixada de Washington em Bagdá.
Horas depois, o ministro iraniano de Relações Exteriores, Abas Musavi, negou
apoio ao ataque e chamou de “audácia” a acusação norte-americana.
O ataque de Washington com a morte de 25
combatentes no domingo alimentou o sentimento antiamericano entre os apoiadores
pró-Irã no Iraque, país abalado desde 1º de outubro por uma revolta popular
contra o governo iraquiano, acusado de corrupto e incompetente.
Os milhares de manifestantes que participavam
do cortejo fúnebre dos combatentes mortos em Bagdá nesta terça conseguiram
atravessar pontos da capital iraquiana sob forte controle de segurança e se
reuniram em frente ao grande complexo diplomático dos EUA.
A ação começou com uma oração em memória
aos mortos e depois seguiu com um protesto que invadiu a primeira barreira de
proteção da sede diplomática.
Os manifestantes pró-Irã queimaram
bandeiras norte-americanas aos gritos de “Morte à América”, arrancaram câmeras
de segurança, atiraram pedras nas torres dos guardas e cobriram o vidro
blindado com bandeiras das Forças de Mobilização Popular e das brigadas do
Kataeb Hezbollah.
O Kataeb Hezbollah é uma das menores
milícias apoiadas pelo Irã, mas uma das mais potentes. O comandante da milícia
Jamal Jaafar Ibrahimi, também conhecido como Abu Mahdi al-Mohandes, participou
do protesto.
As forças de segurança da embaixada
norte-americana atiraram bombas de lacrimogêneo para dispersar a multidão. De
acordo com a agência Reuters, ao menos 12 milicianos foram feridos pelas bombas
de efeito moral.
Duas horas após o início do ataque, o
primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdel Mahdi, pediu aos manifestantes que
deixassem o complexo e alertou que "as forças iraquianas proibirão
estritamente qualquer ataque à representação diplomática".
Embora o ataque não tenha sido
reivindicado, Washington o atribuiu às brigadas do grupo Kataeb Hezbollah.
Os americanos dizem que as Forças de
Mobilização Popular -que têm unidades nascidas para combater a ocupação
americana- representam uma ameaça para os Estados Unidos ainda mais importante
que o grupo Estado Islâmico.
No entanto, o grupo lutou ao lado dos
americanos nos três anos de guerra contra o grupo EI em território iraquiano.
Bagdá anunciou que convocaria o embaixador
americano -atualmente, fora do país- e Washington acusou o Iraque de não saber
proteger seus soldados e diplomatas presentes no país "a convite do
governo".
O primeiro-ministro iraquiano admitiu que
o Pentágono o havia alertado dos ataques antes que eles ocorressem e que o
governo "tentou advertir os comandantes", aparentemente em vão.
Bagdá teme que seus dois aliados, Estados
Unidos e Irã, usem o Iraque como campo de batalha.
Teerã afirmou que os ataques dos Estados
Unidos significam "apoio ao terrorismo" e negou ter responsabilidade
no ataque.
"A surpreendente audácia dos
responsáveis americanos é tal que após matar ao menos 25 iraquianos [em
bombardeios aéreos] e violar a soberania e a integridade territorial do Iraque
[...], atribuem à República Islâmica do Irã as manifestações do povo iraquiano
contra seus atos cruéis", declarou o porta-voz do ministério iraniano das
Relações Exteriores, Abas Musavi.
Enquanto isso, os aliados de Washington no
Golfo denunciaram os ataques às bases americanas no Iraque e apontaram que o
Irã e as facções que colaboram com ele são uma "força de
desestabilização" contra a qual qualquer país "tem o direito de se
defender".
A Arábia Saudita condenou o que chamou de
"ataques terroristas" contra as forças americanas no Iraque.
De volta ao Twitter, Trump ameaçou o
governo de Teerã: "O Irã será responsabilizado por vidas perdidas ou
danos causados em qualquer uma de nossas instalações. Eles vão pagar um preço
muito grande! Isso não é um aviso, é uma ameaça. Feliz Ano Novo!". ANG/RFI/AFP
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