Covid-19/ Não haverá vacina ou
tratamento nos próximos meses, alerta ECDC
Bissau,
12 mai 20 (ANG) – O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC)
alerta que não haverá vacina ou tratamentos para a covid-19 nos próximos meses,
sendo “muito provável” que só cheguem em 2021, aconselhando a “cautela” no
levantamento das medidas.
“Muitos
especialistas [estão empenhados] e muito dinheiro está a ser aplicado na
descoberta de vacinas e de tratamentos e, apesar de haver algumas opiniões mais
optimistas, isso não acontecerá tão depressa”, diz em entrevista à agência
Lusa, o especialista principal do ECDC para resposta e operações de emergência,
Sergio Brusin.
“Não é
algo que vai acontecer nos próximos meses”, reforça o perito.
Aludindo
às várias investigações em curso, dentro e fora da Europa, Sergio Brusin nota
que, apesar de alguns testes em humanos para potenciais vacinas estarem já a
avançar, “para haver produção suficiente para distribuir por toda a gente na
Europa serão precisos vários meses, não é algo que poderá ser feito
rapidamente”.
“É
preciso haver uma produção segura, fazer a distribuição, priorizar a quem dar
primeiro”, elenca, destacando ser “muito mais provável que isso só aconteça em
2021”.
Aqui
entra também a incógnita que este novo coronavírus ainda é para os
especialistas, visto que, por ser um surto novo, não se sabe “se as vacinas ou
tratamentos a serem criados irão proteger apenas por uma temporada, como as vacinas
da gripe, ou se será algo que irá proteger por mais tempo”, explica Sergio
Brusin à Lusa.
Por
isso, “de momento, é preciso continuar a fazer” o que está a ser feito,
“nomeadamente [manter] o distanciamento físico e social, o rastreamento de
contactos”, entre outras medidas, defende.
“E se
uma vacina for descoberta no final deste ano, início do próximo, e se a
produção arrancar logo, então no próximo ano talvez possamos estar mais
optimistas”, adianta o especialista.
De
acordo com Sergio Brusin, “ligeiramente mais optimista” é agora o retrato da
pandemia na Europa, pelo menos face há algumas semanas, razão pela qual o
especialista recomenda aos países que sejam “cautelosos” e “vigiem” o
levantamento das medidas restritivas.
Em
cerca de 20 países europeus, entre os quais Portugal, “foi já possível
estabilizar o aumento em termos de números”, pelo que “a pandemia na Europa
está, lentamente, a abrandar”, explica o responsável.
“Isto
mostra que as medidas adoptadas pelas várias autoridades, incluindo pelos Estados-membros,
estão a resultar e agora temos de ser muito ponderados e começar a levantar
algumas das restrições para ver o que acontece”, alerta.
E
recomenda: “É preciso ser cauteloso no levantamento das medidas e isso só pode
ser feito se [os países] monitorizarem realmente a situação de forma muito
próxima para que, antecipadamente, possam reimpor algumas das medidas se for
necessário”.
Ainda
assim, isto não significa que a covid-19 já esteja controlada na Europa.
“Definitivamente
que ainda não estamos a conseguir controlar, mas o número de casos também não
está a aumentar como estava a acontecer”, ressalva Sergio Brusin.
Existem,
porém, países “onde este decréscimo ainda não está a acontecer e não se sabe se
foi por causa da tardia implementação de medidas ou se existem outras razões”,
entre os quais Suécia, Reino Unido ou Bulgária, adianta o especialista à Lusa.
A
Europa é a região mais afectada do mundo pela pandemia, tendo já ultrapassado
as barreiras das 150 mil mortes em milhões de casos.
Sediado
na Suécia, o ECDC é um organismo da União Europeia que ajuda os países a
preparar a resposta a surtos de doenças. ANG/Inforpress/Lusa
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