CPLP/Secretário-executivo visita a Guiné Equatorial para acelerar integração
Bissau, 23 Fev 22(ANG) – O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) visita a Guiné Equatorial entre 7 e 11 de Março, para “acelerar” a integração do país e discutir “compromissos” assumidos, como a abolição da pena de morte.
“Há
uma necessidade urgente de implementar o programa de apoio à integração da
Guiné Equatorial, por forma a mostrar que as coisas estão a andar”, disse à
Lusa Zacarias da Costa.
O
antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste recordou que “tem
havido cada vez mais Estados-membros a declararem publicamente as suas expectativas,
de alguma forma frustradas, quanto à estagnação”, no cumprimento dos
compromissos assumidos pela Guiné Equatorial, aquando da adesão ao bloco
lusófono em 2014.
Nomeadamente,
apontou, a abolição da pena de morte no Código Penal, mas “também, obviamente
outra questão importante, que é a da implementação da língua portuguesa” neste
país, o único falante de espanhol na comunidade.
“Contarei,
nos meus contactos com as autoridades equato-guineenses, não só levantar essas
questões, mas sobretudo proporcionar um ambiente diferente para olharmos para
elas de uma forma construtiva, ou num quadro mais dinâmico, para que possamos
todos, principalmente as autoridades da Guiné Equatorial, corresponder às
expectativas que os Estados-membros têm em relação à integração cada vez maior”
do país na organização, afirmou.
Zacarias
da Costa adiantou que o objectivo da sua deslocação oficial é inteirar-se dos
“esforços que têm havido” e articular com as autoridades locais “formas de
criar um quadro diferente, com maior dinamismo”, para se poder “acelerar o
programa de integração e implementar os compromissos assumidos desde a cimeira
de Díli” (2014).
Na
altura, num discurso em português, perante os líderes lusófonos, o Presidente
da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, assumiu o compromisso de “defender os
estatutos” da CPLP e “actuar conforme os seus princípios e objectivos” e
anunciou que o país iria ter, no ano seguinte, um centro de estudos
multidisciplinares de expressão portuguesa dedicado àquela comunidade.
Outra
das intenções do secretário-executivo nesta visita “é acelerar a ratificação do
Acordo de Mobilidade” pela Guiné Equatorial, um acordo assinado pelos nove
Estados-membros na última cimeira, que decorreu a 17 de Julho de 2021 em Luanda
e que já entrou em vigor em cinco dos países da organização – Cabo Verde, São
Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Portugal e Moçambique. No Brasil o processo de
ratificação também já está concluído.
Mas,
a meta imediata do secretariado-executivo é a implementação “de quatro dos seis
eixos” do Programa de Apoio à Integração da Guiné Equatorial (PAIGE). “Os eixos
cinco e seis deveremos implementar mais tarde, em Abril, possivelmente, uma
data que será acordada entre as partes”, adiantou.
Promoção
da língua portuguesa, acervo institucional, património cultural e comunicação
social, são os quatros primeiros eixos daquele que é o segundo PAIGE, desde que
Guiné Equatorial se tornou Estado-membro da CPLP.
Sociedade
civil e direitos humanos são os dois últimos eixos.
Apesar
de ainda não haver uma agenda definida, “mas apenas o convite” para visitar o
país, o secretário executivo da CPLP espera encontrar-se com o Presidente da
República, Teodoro Obiang, com o ministro das Relações Exteriores, bem como com
outros membros do executivo daquele país responsáveis pelas áreas que serão
desenvolvidas no âmbito do PAIGE.
Zacarias
da Costa referiu que vai procurar, tal como fez na sua recente visita oficial
ao Brasil, ter encontros com a Câmara dos Deputados e com o Senado, “de forma a
acelerar o processo de ratificação do acordo de mobilidade”.
A
prioridade, porém, é articular com as autoridades locais, datas para a
implementação dos quatro primeiros eixos do PAIGE e também conciliar
calendários, não só do secretariado, mas também dos parceiros que ajudam o secretariado
a implementar o programa.
“Quero
referir que há uma necessidade enorme e urgente em executar e terminar este
programa, cuja calendarização tem sofrido já vários atrasos, não só derivados
da pandemia, mas também atrasos devido ao acerto de datas pelas duas partes, o
secretariado [executivo e as autoridades equato-guineenses”, salientou.
Para
estes quatro eixos, o secretário-executivo assegurou que há financiamento
garantido, para os restantes dois, terá de ser aprovado um novo orçamento pelos
Estados-membros.
Segundo
Zacarias da Costa, esta visita surge na sequência do reafirmar de um
compromisso das autoridades da Guiné Equatorial de cofinanciarem a
implementação dos eixos que irão ter lugar na capital, Malabo.
“Eu
espero que seja cumprido, porque é mediante esse compromisso que nós nos iremos
deslocar a Malabo”, adiantou.
A
missão, liderada pelo próprio secretário-executivo, conta ainda com a
participação de parceiros e responsáveis que irão implementar os quatro eixos
do programa.
Zacarias da Costa sublinhou também que agora, com a situação de covid-19 mais “relaxada ou controlada”, é tempo de avançar e “é obrigação de todas as partes, começando pela Guiné Equatorial, mas também do secretariado e naturalmente também pelos Estados-membros”.ANG/Inforpress/Lusa
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