Ucrânia/NATO mantém que não vê sinais de qualquer desmobilização militar russa
Bissau, 18 Fev 22(ANG) – O secretário-geral da NATO disse quinta-feira que, “apesar das declarações de Moscovo”, a organização não viu “até agora qualquer sinal de retirada” das tropas russas das zonas fronteiriças com a Ucrânia, parecendo antes registar-se um aumento das forças.
“Não
vimos até agora qualquer sinal de retirada ou de desanuviamento. Pelo
contrário, a acumulação [de forças e meios militares] da Rússia parece
continuar. Exortamos a Rússia a fazer o que diz, e a retirar as suas forças das
fronteiras da Ucrânia”, declarou Jens Stoltenberg, numa conferência de imprensa
no final de uma reunião de dois dias dos ministros da Defesa da Aliança
Atlântica, em Bruxelas.
Apontando
que a NATO continua a monitorizar “de muito perto” a evolução dos
acontecimentos no terreno, o secretário-geral da organização comentou que a
retirada das forças militares russas, tal como anunciado pelo Kremlin
(Presidência russa), constituiria “um primeiro passo importante no sentido de
uma solução política pacífica”.
Stoltenberg
garantiu que “a NATO continua aberta a envolver-se com a Rússia de boa-fé” e
reiterou que “os aliados estão prontos a sentar-se com a Rússia no Conselho
NATO-Rússia”, para “abordar uma vasta gama de questões e encontrar pontos de
convergência”.
Neste
segundo dia de trabalhos, os ministros da Defesa da NATO reuniram-se com os seus
homólogos da Ucrânia e da Geórgia, tendo discutido “a contínua ameaça de
agressão russa” e “a deterioração da situação de segurança na região do Mar
Negro”, com os aliados a expressarem uma vez mais o “forte apoio político e
prático da NATO a ambos os países”, apontou o representante.
“A
NATO e os aliados estão a ajudar a Ucrânia a aumentar a sua capacidade de se
defender. A auto-defesa é um direito consagrado na Carta das Nações Unidas, e
os aliados estão a ajudar a Ucrânia a defender esse direito, incluindo com
formação e equipamento militar para as forças armadas ucranianas, perícia
cibernética e de inteligência, e um apoio financeiro significativo”, sublinhou.
O
responsável norueguês acrescentou que também foi discutida “a presença de
forças russas nas regiões georgianas da Abecásia e da Ossétia do Sul”, assim
como o recente voto da câmara baixa do parlamento russo (Duma) a recomendar o
reconhecimento das autoproclamadas repúblicas (separatistas) populares de
Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.
“Todos
concordamos que isso seria mais uma violação flagrante da integridade
territorial e da soberania da Ucrânia, assim como dos Acordos de Minsk, minando
os esforços para encontrar uma solução política no Formato da Normandia [que
integra Rússia, Ucrânia, Alemanha e França]”, advertiu.
A
terminar, reiterou o “forte apoio da NATO à soberania e integridade territorial
tanto da Geórgia como da Ucrânia” e ao “direito de cada nação de escolher o seu
próprio caminho”.
“Não
podemos aceitar um regresso a uma era de esferas de influência, em que as
grandes potências intimidam e impõem a sua vontade aos outros. Não pode haver
decisões sobre a Ucrânia sem a Ucrânia, e não pode haver decisões sobre a
Geórgia sem a Geórgia”, disse.
Portugal
esteve representado nesta reunião pelo ministro João Gomes Cravinho, que, na
quarta-feira à noite, em declarações à imprensa no final do primeiro dia de
trabalhos, comentou igualmente que a situação a leste “permanece extremamente
perigosa”, pois, apesar das palavras de Moscovo, a NATO ainda não viu “nenhuma
alteração” no terreno.
“Embora
tenha havido alguns sinais positivos em termos de afirmações [das autoridades
russas}, na realidade, no terreno, ainda não vimos nenhuma alteração. Ou seja,
continuamos numa situação em que a Rússia tem capacidade para uma acção militar
de grande envergadura com pouco ou nenhum pré-aviso”, disse.
Gomes
Cravinho sublinhou que, para a NATO, “diálogo e diplomacia são a chave para a
resolução desta situação e o desanuviamento das tensões”, mas, ao mesmo tempo,
a organização transatlântica considera que “dissuasão e diálogo são duas faces
da mesma moeda, e é muito importante os aliados da NATO terem uma postura de
grande dissuasão, precisamente para precaver contra qualquer aventureirismo,
qualquer atitude que ponha em causa a segurança da Aliança”.
Numa
altura em que o Kremlin garante que concluiu as manobras militares nas zonas
fronteiriças, um anúncio recebido com muita cautela pela NATO e União Europeia,
a crise Rússia-Ucrânia foi também objecto, quinta-feira mesmo, de uma discussão
ao mais alto nível entre os chefes de Estado e de Governo dos 27 do bloco
comunitário, numa ‘mini-cimeira’ informal realizada imediatamente antes da
cimeira UE-África, com a participação do primeiro-ministro, António Costa.
ANG/Inforpress/Lusa
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