UE-África/Presidente da Comissão da União Africana pede à Europa para “ir além da teoria”
Bissau, 18 Fev 22(ANG) – O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, pediu quinta-feira aos líderes da União Europeia (UE) para “irem além da teoria” e passem à prática do apoio a África, dizendo esperar “resultados tangíveis” da cimeira em Bruxelas.
“Agora
temos de ir além da teoria porque, embora a convergência euro-africana seja uma
convergência certa […], tem sérios problemas devido ao desfasamento entre as
declarações e o impacto prático que deve ser capaz de transformar os nossos
continentes”, vincou Moussa Faki Mahamat.
Falando
em representação da União Africana (UA) na cerimónia de abertura da cimeira com
a UE, que decorre até sexta-feira em Bruxelas, o responsável considerou serem
necessários “ainda mais progressos para reforçar o consenso e ter em conta
todas as sensibilidades”.
“A nossa
parceria tem-se concentrado, até agora, na forma de aplicar eficaz e
eficientemente as medidas estabelecidas no plano de acção, mas temos de
conseguir alcançar resultados tangíveis”, exortou Moussa Faki Mahamat.
A
título de exemplo, o presidente da Comissão da União Africana referiu que os
“mecanismos clássicos” de financiamento e de monitorização “têm mostrado os
seus limites”, defendendo por isso instrumentos “novos, mais flexíveis e
eficazes que produzam melhores resultados”.
“Acima
de tudo, temos de cooperar mais eficazmente em conjunto no combate aos fluxos
ilícitos de fundos, especialmente quando retiram fundos de África. Precisamos
de avaliações regulares porque isso nos dá o benefício de nos permitir fazer
ajustamentos regulares e prever o futuro com mais segurança e controlo”,
acrescentou.
Para
Moussa Faki Mahamat, esta cimeira com a UE traz, ainda assim, “grandes
esperanças” sobre uma “renovada e revitalizada cooperação” entre os dois
blocos.
“As
esperanças depositadas pelos povos dos nossos dois continentes são reais. Temos
de garantir que não os desiludimos”, adiantou.
Líderes
europeus e da UA reúnem-se entre hoje e sexta-feira em Bruxelas, na sexta
cimeira UE-África, sucessivamente adiada devido à pandemia, para revitalizar
uma parceria ameaçada pela presença russa e chinesa no continente africano.
Esta
cimeira UE-UA, originalmente prevista para 2020, pode finalmente ter lugar face
à evolução da situação pandémica, que permite a presença em Bruxelas de cerca
de sete dezenas de chefes de Estado e de Governo dos dois continentes.
Quase
cinco anos depois da anterior reunião de líderes da UE e UA, celebrada em
Abidjan em 2017, Bruxelas acolhe a VI cimeira, que contará com a participação
de cerca de 70 delegações ao mais alto nível dos Estados-membros das duas
organizações, incluindo Portugal e os Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa (PALOP).
Os
países africanos lusófonos estão todos representados ao mais alto nível na
cimeira, como os chefes de Estado da Guiné-Bissau, Moçambique e de São Tomé e
Príncipe, o vice-presidente de Angola e o primeiro-ministro de Cabo Verde.
Além
dos 27 chefes de Estado e de Governo da UE, entre os quais António Costa, e dos
mais de 40 líderes dos países membros da UA que confirmaram a presença na
cimeira, participarão vários responsáveis das mais diversas organizações.
ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário