Covid-19/África vê “luz ao fundo do túnel” após dois anos de combate à pandemia – OMS
Bissau, 11 Fev 22(ANG) – Dois anos após o primeiro caso de covid-19 em África, o continente vê a “luz ao fundo do túnel” e pode este ano “pôr fim à perturbação e destruição que o vírus deixou no seu caminho”, garante a OMS.
“Há
luz ao fundo do túnel. Este ano podemos pôr fim à perturbação e destruição que
o vírus deixou no seu caminho, e recuperar o controlo sobre as nossas vidas”,
afirmou quinta-feira a directora regional da Organização Mundial de Saúde para
África, Matshidiso Moeti, na conferência online semanal da organização a partir
de Brazzaville.
“O
controlo desta pandemia deve ser uma prioridade, mas compreendemos que não há
dois países que tenham tido a mesma experiência pandémica, e cada país deve,
portanto, traçar o seu próprio caminho para sair desta emergência”, acrescentou
a responsável.
Nos
últimos dois anos, o continente testemunhou quatro vagas de covid-19, cada uma
com picos mais elevados ou mais casos novos totais do que a anterior. Os surtos
foram sendo impulsionados por novas variantes do vírus SARS-CoV-2, com
transmissibilidades crescentes, embora não necessariamente mais fatais do que
nas vagas anteriores.
Cada
vaga subsequente desencadeou uma resposta mais eficaz do que a anterior. Cada
vaga foi também mais curta em 23%, em média, do que a anterior. Enquanto a
primeira vaga durou cerca de 29 semanas, a quarta vaga terminou em seis
semanas, ou seja, cerca de um quinto do tempo, sublinhou a directora da OMS
para África.
A
primeira vaga de contágios teve, por outro lado, a taxa média de casos fatais
elevada, na ordem dos 2,5% das pessoas infectadas. Este número subiu para 2,7%
durante a segunda vaga, impulsionada pela variante beta; desceu para 2,4%
durante a terceira vaga (delta); e foi na quarta vaga o mais baixo de sempre
(0,8%), representando também a primeira vez que um novo surto de casos de
infecção não levou a um aumento proporcional de hospitalizações e mortes,
anunciou ainda Moeti.
“Nos
últimos dois anos, o continente africano tornou-se mais inteligente, mais
rápido e melhor a responder a cada nova vaga de covid-19”, afirmou a directora
regional da OMS.
“Contra
todas as probabilidades, incluindo enormes desigualdades no acesso à vacinação,
temos resistido à tempestade da covid-19 com resiliência e determinação,
aproveitando a experiência acumulada por uma longa história no controlo de
surtos”, acrescentou Moeti.
A
covid-19 cobrou um preço alto ao continente, sublinhou a responsável.
“Custou-nos caro, com mais de 242.000 vidas perdidas e prejuízos tremendos para
as nossas economias”, disse, citando estimativas do Banco Mundial, segundo as
quais a pandemia terá empurrado para a pobreza extrema até 40 milhões de
pessoas em todo o continente.
Por
outro lado, cada mês de atraso no levantamento das medidas de contenção é
estimado em 13,8 mil milhões de dólares norte-americanos (12,07 mil milhões de
euros) em produto interno bruto (PIB) perdido em África.
“Ao
entrarmos nesta nova fase da pandemia, devemos usar as lições aprendidas ao
longo dos últimos dois anos para reforçar os sistemas de saúde do nosso
continente, de modo a estarmos mais bem preparados para lidar com as futuras
vagas da doença”, disse ainda Moeti.
“Uma
vez que novas variantes alimentaram novas vagas, é fundamental que os países
reforcem a sua capacidade de as detectar através de uma melhor sequenciação do
genoma. Isto também garantirá a detecção rápida de outros vírus mortais”,
sublinhou.
A OMS
aumentou o número de laboratórios capazes de detectar o covid-19 de dois para
mais de 900 actualmente e está a reforçar os esforços de sequenciação genética
em África através de várias iniciativas. Não obstante, “a arma mais poderosa
contra o surgimento de novas variantes é a vacinação”, disse Moeti.
Até à
data, cerca de 672 milhões de doses de vacinas anti-covid-19 foram recebidas no
continente, porém, “embora África ainda esteja atrasada na vacinação, com apenas
11% da população adulta totalmente vacinada, há agora um fornecimento constante
de doses a fluir”, sublinhou a responsável.
Participaram
na conferência de imprensa virtual, além de Moeti, Sandile Buthelezi,
director-geral do Departamento Nacional de Saúde da África do Sul; Albert
Tuyishime, chefe de Prevenção e Controlo de Doenças no Ministério da Saúde do
Ruanda e Arlindo Nascimento do Rosário, Ministro da Saúde e Segurança Social de
Cabo Verde. ANG/Inforpress/Lusa
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