Ucrânia/Principais bancos dos EUA alertam para perigo de excluir Rússia da SWIFT
Bissau, 28 Fev 22 (ANG) – Alguns dos maiores bancos norte-americanos alertaram o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre os perigos de expulsar a Rússia do sistema de troca de informação financeira SWIFT, destacando as consequências negativas globais.
De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, que cita fontes
financeiras, alguns dos principais bancos dos Estados Unidos da América (EUA),
como o JPMorgan Chase e o Citigroup, avisaram o Presidente de que a retirada da
Rússia deste sistema financeiro por onde passa a esmagadora maioria das
transacções bancárias internacionais, transmitindo 42 milhões de mensagens por
dia, pode ter implicações contraproducentes.
Entre os efeitos negativos estão um aumento da inflação, a facilitação da
aproximação da Rússia à China e o bloqueio de informação no Ocidente sobre as
transacções financeiras russas, além da possibilidade de encorajar a criação de
um sistema alternativo que pode eventualmente prejudicar a supremacia do dólar
no sistema financeiro internacional.
Segundo a Bloomberg, o governo norte-americano não descarta essa
possibilidade, mas não está seriamente a ponderar tirar a Rússia da SWIFT, uma
vez que isso isolaria completamente o país, incluindo as trocas energéticas que
são permitidas ao abrigo das sanções atuais, e poderia ter mais ramificações,
podendo causar uma crise energética na Europa e ameaçando o rendimento de
muitos cidadãos russos.
A Sociedade para a Telecomunicação Financeira Interbancária Global (Society
for Worldwide Interbank Financial Telecommunication – SWIFT), com sede em
Bruxelas, foi criada em 1973, juntando 239 bancos de 15 países, e evoluiu para
“uma infraestrutura financeira global que está presente em todos os
continentes, em mais de 200 países e territórios, e serve mais de 11 mil instituições
em todo o mundo”, segundo a informação oficial, e é encarada como o garante de
pagamento de todas as trocas feitas entre empresas e países a nível
internacional.
Os democratas e os republicanos na comissão das Relações Externas do Senado
apresentaram duas iniciativas sobre as possíveis sanções, mas a proposta dos
republicanos não fala na SWIFT, ao contrário da dos democratas, que autoriza o
presidente a usar este sistema como uma das sanções possíveis.
Até agora, apenas um país, o Irão, em 2012, foi excluído, uma iniciativa
que fez parte das medidas contra o seu programa nuclear.
O Presidente ucraniano apelou domingo à Alemanha e à Hungria para terem “a
coragem” de aprovar a exclusão da Rússia da SWIFT, uma medida analisada pela UE
em reacção à invasão russa da Ucrânia, mas que está a encontrar algumas
reticências por parte de Berlim e Budapeste.
“Quase todos os países da UE se pronunciaram já pela exclusão da Rússia da
SWIFT”, afirmou Zelensky numa mensagem de vídeo, na qual acrescentou: “Espero
que a Alemanha e a Hungria encontrem coragem para apoiar esta decisão”.
Na apresentação de um pacote de sanções à Rússia, o primeiro-ministro do
Canadá, Justin Trudeau, detalhou que o alvo das sanções pessoais contra Putin é
a “riqueza considerável” que o chefe de Estado russo controla directamente e
esconde através de intermediários.
“Canadá, Reino Unido e outros países acreditam que a Rússia deve ser
excluída do sistema SWIFT e essas discussões continuam com os aliados
europeus”, frisou.
Em França, o ministro da Economia, Bruno Le Maire, anunciou na sexta-feira
o congelamento de todos os bens de figuras políticas e económicas russas
visadas pelas sanções.
“A nível nacional, pedi que recenseassem a integralidade de bens em França
de personalidades políticas e económicas que tenham sido visadas pelas sanções.
Vamos bloquear o acesso de todas estas personalidades aos seus bens em solo
francês”, declarou o ministro.
Quanto à exclusão do sistema SWIFT da Rússia, medida ainda não aplicada
pela União Europeia, o ministro francês disse que houve reservas por parte de
“alguns” Estados-membros”, embora continue a ser uma opção.
“Falta a questão do SWIFT. É arma nuclear financeira, já que é o que permite o acesso das intuições financeiras russas a todos os estabelecimentos financeiros no mundo. Tivemos esta manhã [sexta-feira] uma discussão e dizemos que todas as opções estão na mesa, mas é preciso reflectir antes de o fazer. Alguns Estados-membros mostraram algumas reservas e França não faz parte desses Estados”, revelou o ministro ao ser questionado pelos jornalistas.ANG/Inforpress/Lusa
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