Invasão à Ucrânia/Cidadãos da África lusófona temem pela vida
Bissau,25 Fev 22(ANG) - Cidadãos da África lusófona na Ucrânia testemunham o pânico e caos inéditos e o seu desejo urgente é sair da Ucrânia "o mais rápido possível" para local seguro.
Ao levantar-se esta manhã, o
estudante angolano Manuel de Assunção não reconheceu a cidade de Dnipro, onde
vive há sete anos.
"A cidade acordou em
pânico. No período da manhã, por volta das quatro horas [locais], ouvimos
explosões e tiroteios em zonas estratégicas, nos arredores de Dnipro, na região
de Donbass", disse Assunção à DW África.
O estudante da arquitetura
vive muito perto das duas regiões separatistas no leste na Ucrânia, palco
dos ataques russos. As autoridades pedem às pessoas para evitarem aglomerações,
mas todos querem sair para encontrar abrigo seguro, conta.
"Todo o mundo saiu com
as malas e pertenças, preparado para o que der e vier. Acham que juntos são
mais fortes para enfrentar os russos, do que se ficarem em casa", disse o
também presidente da Associação dos Estudantes angolanos em Dnipro.
Estima-se que mais de 150
estudantes estejam ansiosos por abandonar "o mais rapidamente
possível" a Ucrânia. Mais de 130 assinaram uma lista pedindo às
autoridades que sejam evacuados para a Polónia.
"A possibilidade da
nossa evacuação está a ser trabalhada. E estamos à espera de mais notícias do
Governo angolano. Queremos sair o mais rápido possível, porque a Ucrânia entrou
num estado de emergência por 30 dias e está tudo fechado", disse Manuel
de Assunção, líder estudantil angolano em Dnipro, sudestre da Ucrânia.
No sudoeste da Ucrânia, em
Vinnitsya, perto da Polónia, Julieta Mambo Savikeia não ouviu tiros nem explosões,
mas viu um caos inédito na sua cidade.
"A cidade está agitada.
Há pânico nas ruas. Os supermercados estão totalmente lotados”, disse à DW
África a médica angolana, que vive na Ucrânia há dez anos.
Savikeia quer sair do país ainda esta sexta-feira rumo à Polónia, porque
lhe parece que "a situação está fora de controlo".
Apesar de estar pronta para
se refugiar, Julieta Mambo Savikeia não consegue levantar dinheiro, nem
fazer compras nos supermercados.
"Os cartões Visa
já não estão a funcionar. Há uma enchente nas caixas automáticas. As coisas
estão bem complicadas", acrescentou.
Savikeia pede ajuda às
autoridades dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) para
facilitarem a evacuação dos estrangeiros, antes que a situação piore.
"Estamos com medo e em
pânico. Estamos muito preocupados e apavorados. Então estamos a fazer o
possível para sair, mas as coisas não estão fáceis, porque os transportes estão
caóticos", disse.
Sobre os são-tomenses,
cabo-verdianos e moçambicanos na Ucrânia pouco se sabe. O Ministério dos
Negócios Estrangeiros de Moçambique prometeu prestar declarações a propósito à
DW África na sexta-feira (25.02).
Em comunicado, o Governo de
Cabo Verde fez saber que está a acompanhar com preocupação a situação e que
condena o recurso à ameaça e ao uso da força. O Governo de Ulisses Correia e
Silva defende o respeito pelos valores e pelo direito internacional. Pede ainda
um cessar-fogo imediato para dar lugar a uma saída diplomática.ANG/DW
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