Tentativa de golpe
de Estado/Líder do PAIGC quer peritos internacionais nos
inquéritos ao ataque ao palácio do Governo
Bissau,17 Fev 22(ANG) - O
líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, Domingos
Simões Pereira, defendeu a presença de peritos internacionais no inquérito “ao
que realmente se passou” no ataque ao Palácio do Governo.
Em entrevista à Agência Lusa
e à RFI, Domingos Simões Pereira sugeriu a presença de elementos da DEA,
agência norte-americana de combate ao tráfico de droga, e da Polícia Judiciária
portuguesa, salientando que aquelas entidades sempre apoiaram as autoridades do
país no combate ao narcotráfico.
A sugestão do líder do
PAIGC, segundo o próprio, vai ao encontro do facto de as autoridades guineenses
estarem a relacionar o ataque ao Palácio do Governo com “ajustes de contas
entre narcotraficantes”.
“Ora, quando envolve droga
nós sabemos que as várias instâncias do nosso poder judicial têm recebido
reforço de capacidade, não só de estruturas internacionais, nomeadamente da DEA
como da Polícia Judiciária portuguesa e de outras instituições. Se nós
recebemos reforço de capacidade em assuntos de menor porte, por que não se
justifica envolver essas entidades em algo que pôs em causa vidas humanas”,
questionou o líder do PAIGC.
O antigo primeiro-ministro
guineense disse que “continuam confusas” e “até contraditórias” as explicações
que têm sido dadas pelas autoridades guineenses quanto aos envolvidos nos
ataques, nomeadamente a alegada presença de rebeldes senegaleses do Movimento
das Forças Democráticas da Casamansa (MFDC).
Estanho ainda para Domingos
Simões Pereira é o facto de o porta-voz do Governo, Fernando Vaz, ter começado
por citar nomes de alguns oficiais militares como estando envolvidos nos
ataques, para horas depois desmentir-se a si mesmo.
Para o líder do PAIGC também
é estranha a nomeação de um novo diretor da Polícia Judiciária.
Domingos Simões Pereira
afirmou que na sua opinião “há muitas pontas soltas e que não se alinham” nas
informações que têm sido prestadas ao público pelas autoridades guineenses,
esperando que no futuro as informações públicas sejam mais credíveis.
“O que eu estou a dizer é
que estamos a tratar de um assunto de extrema importância, de extraordinária
importância e o mínimo que podíamos sugerir, aguardar ou exigir é que seja uma
comissão credível, responsável, competente e que tenha como um dos pressupostos
que traga elementos palpáveis que permita a todo o mundo avaliar”, defendeu.
Questionado sobre o
adiamento do Congresso do PAIGC, previsto para 17 e 18 de fevereiro, Simões
Pereira referiu que o partido se alinha “com a ordem”, mas considerou que o
decreto do Governo que proíbe reuniões políticas devido à covid-19 “foi feito,
exclusivamente para comprometer a realização do congresso do PAIGC”.
“O estado de alerta já
existia quando o PTG (Partido dos Trabalhadores Guineenses) fez o seu
congresso, já existia quando o PRS (Partido da Renovação Social) fez o seu
congresso, já existia quando se fizeram visitas ao interior, a presidência
aberta e outras concentrações de pessoas”, acrescentou.
Referindo que o congresso
foi adiado para depois da vigência do decreto do estado de alerta, 05 de março,
o presidente do PAIGC pediu, no entanto, “àqueles que detêm poder para que
cinjam a sua atuação dentro dos ditames da lei”.
No dia 01 de fevereiro,
homens armados atacaram o Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um
Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco
Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam, e de que resultaram oito mortos.
O Presidente guineense
considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado e apontou o ex-chefe
da Marinha José Américo Bubo Na Tchuto, Tchamy Yala, também ex-oficial, e Papis
Djemé como os principais responsáveis.
Os três homens foram presos
em abril de 2013 por agentes da agência antidrogas norte-americana (DEA) a
bordo de um barco em águas internacionais na costa da África Ocidental e
cumpriram pena de prisão nos Estados Unidos.
Os três alegados
responsáveis pela tentativa de golpe de Estado foram detidos, segundo o
Presidente guineense. ANG/Lusa
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