Covid-19/PALOP têm todas taxas de vacinação superiores à média africana
Bissau, 14 Fev 22(ANG) – As taxas de vacinação anti-covid-19 nos países africanos de língua portuguesa estão todas acima da média africana, para o que têm contribuído as doações feitas por Portugal, disse o director do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT).
“Neste
momento, e se olharmos para a média a nível da África, os nossos países estão
acima da média (…) e aqui temos de realçar que Portugal teve alguma
responsabilidade nestes dados, porque Portugal doou vacinas aos PALOP e isso
tem estado a ajudar alguns países a melhorarem as suas coberturas”, disse
Filomeno Fortes.
Portugal
já doou cerca de sete milhões de vacinas contra a covid-19, das quais metade
foi entregue aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e
Timor-Leste, segundo disse esta semana à Lusa o ministro dos Negócios
Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Para
o governante, o programa português de doação de vacinas aos PALOP “foi e tem
sido um sucesso muito reconhecido em todos esses países”.
Em
entrevista telefónica à Lusa a propósito do segundo aniversário do primeiro
caso de covid-19 em África, Filomeno Fortes lembrou que o continente tem neste
momento uma cobertura vacinal de cerca de 11%.
Já
entre os PALOP, Cabo Verde tem neste momento 52% da população vacinada,
Moçambique tem 30%, Angola está a chegar aos 16%, São Tomé e Príncipe tem 31% e
a Guiné-Bissau está com cerca de 15% de cobertura.
Instado
a identificar as oportunidades que a pandemia trouxe a África, o especialista
defendeu que contribuiu para a melhoria dos sistemas de saúde africanos.
“Um
factor positivo [da covid-19] em África foi que os nossos países melhoraram os
seus sistemas de cuidados intensivos. Aí sim, verificámos que houve um
investimento muito forte a nível do continente africano de uma forma geral, mas
particularmente em Angola e em Moçambique”, disse Filomeno Fortes.
Outra
área em que houve progressos foi na testagem, lembrou o médico angolano,
exemplificando com o caso da Guiné-Bissau e de São Tomé e Príncipe, que não
tinham capacidade para fazer o diagnóstico biomolecular da covid-19 e neste
momento já têm.
Também
Angola, em colaboração com o IHMT, passou a contar com um laboratório de
referência em biologia molecular.
“Capacitação
técnica, capacitação dos recursos humanos, melhoria da capacidade de cuidados
intensivos foram os fenómenos mais notáveis em relação à resposta à pandemia”,
disse o especialista em saúde pública e epidemiologia.
Sobre
a resposta dos países lusófonos à pandemia, Filomeno Fortes destacou o caso de
Cabo Verde, que “integra o grupo de meia dúzia de países africanos com melhor
nível de testagem”, “organizou-se do ponto de vista de cuidados intensivos” e,
juntamente com a Guiné-Bissau, foi dos países que não tiveram diminuição da
cobertura das outras vacinas.
“Tiveram
uma acção bastante organizada, quer em relação à testagem, quer em relação ao
acompanhamento de casos, controle de fronteiras e cuidados intensivos.
Portanto, Cabo Verde foi um grande exemplo”, disse.
Moçambique,
que inicialmente sofreu as consequências da sua posição geopolítica – de
fronteira com a África do Sul e com o Zimbabué –, conseguiu depois “melhorar a
sua capacidade, até a nível dos cuidados de saúde primários”; enquanto Angola
foi mantendo o controlo regular da situação, tendo um número de casos por
milhão de habitantes muito baixo.
“Eu
penso que os nossos países, de uma forma ou de outra, foram gerindo bem a
situação”, disse o director do IHMT.
Num
apanhado da situação da covid-19 nos PALOP, Filomeno Fortes disse que
Moçambique é o que ocupa a primeira posição em termos de morbilidade e
mortalidade e já ultrapassou os 200 mil casos.
É o décimo
quarto país a nível da África em termos de morbilidade e tem neste momento um
pouco mais de 2.000 óbitos.
“Angola
está na 20.ª posição a nível da África e em segundo lugar em relação à
gravidade da doença nos PALOP, com cerca de 100 mil casos e cerca de 1.900
óbitos.
Cabo
Verde tem cerca de 56 mil casos notificados e está com 400 óbitos, o que pode
parecer pouco, mas representa 700 mortes por milhão de habitantes, uma taxa que
“acaba por ser um pouco elevada”.
A
Guiné-Bissau vem a seguir a Cabo Verde, com 36.000 casos – “está na 52.ª
posição do ‘ranking africano’, mas tem 432 óbitos. São poucos óbitos de uma
forma geral, mas em termos de mortalidade por milhão de habitantes é bastante
acentuada”.
São
Tomé e Príncipe é o país que tem menos casos: 6.000 infecções e 71 óbitos.
“A
tendência actual é para a redução do número de casos internados em praticamente
todos os países lusófonos, concluiu o director do IHMT.
ANG/Inforpress/Lusa
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